MORAL, IMORAL, AMORAL

  

                            Nesses tempos, falar em “moral” é pisar em campo minado.

                        Como sou praticamente “jurássica” e continuo com meu espírito de professora sempre aguçado, permito-me passear um pouco por essas expressões, muitas vezes utilizadas de forma inadequada.

                    Um erro frequente é acreditar que apenas ousadias sexuais são imorais, quando há tanta imoralidade em lugares que a gente nem imagina!

                    Para refrescar nossa memória, vamos revisar os conceitos:

                  “Moral trata-se de um conjunto de valores, normas e noções sobre o que é certo ou errado, proibido e permitido, dentro de uma determinada sociedade. ”

                   Um pouco vago, não é? Precisa-se de jurisprudência na hora de julgar.

                  Então vejamos:

      “Imoral é contrário à moral, às regras de conduta vigentes em dada época ou sociedade, ou ainda àquelas que um indivíduo estabelece para si próprio; falta de moralidade; indecoroso, vergonhoso, contrário ao pudor, à decência; libertino, indecente".

            Forte hein?! Pois bem, continuemos:

                 “Amoral é o que se mantém exterior ao julgamento ou qualificação moral, como, por exemplo, o animal irracional ou, em circunstâncias frequentes, a infância ou a loucura, em contraste ao caráter consciente e refletido da imoralidade. Moralmente neutro (nem moral, nem imoral); que não leva em consideração preceitos morais; estranho à moral. A ciência, assim como as leis da natureza são totalmente amorais. ”

               E agora?! Ficou claro? Ou ainda mais confuso?

              Vamos tentar exemplificar.

             A performance de um (a) cantor (a), usando roupas minúsculas e danças sensuais será imoral ou amoral?

             Os políticos gastarem bilhões para se eleger enquanto milhares de famílias não têm o básico para matar a fome será imoral, ou amoral?

           O chefe de uma grande potência destruir outra menor simplesmente porque não atendeu às suas exigências é moral, ou imoral?

         Pessoas deixarem de ler ou conviver com amigos de longa data apenas por discordâncias políticas será imoral? Ou amoral?

            Excluir as manifestações artísticas e culturais de um país, ou deixar que os artistas morram à mingua (espetáculos saem caro) será uma atitude moral? Imoral? Amoral?

           Pois é meus amigos, como podem ver, o conceito de moralidade é amplo e nem sempre bem utilizado.

            Parece que soa como imoral apenas uma roupa provocante, um beijo em público, um casal gay de mãos dadas, um cantor transexual... enquanto há tanta imoralidade usando terno e gravata, ou bolsas francesas!

             Cada tempo com seu tempo, seus usos e costumes, suas crenças, sua maneira de viver.

            Desde que não façam mal aos outros, que sejam honestos e solidários, deixemos que os jovens tenham esperança, que desenvolvam sua criatividade e que vivam de acordo com seu tempo.

           Meu pai só gostava de Vicente Celestino e dos cantores de ópera e de tango. E detestava o “Quero que vá tudo pro inferno”, do Roberto Carlos.

            Mas era o meu tempo. E ele tolerava. Inclusive meu irmão caçula ouvindo Secos & Molhados, com Ney Matogrosso seminu na capa do LP e cantando com uma voz feminina.

            Penso que um pouco mais de tolerância é necessária pelos mais velhos, ao invés da procura de rótulos para os artistas contemporâneos.

             Por pior que seja, a arte é sempre melhor que o obscurantismo!