“ Se não tiverem nenhuma outra consequência na vida nacional, as eleições deste ano terão servido para recuperar o uso da palavra “esdrúxula” no Brasil. Pois só ela serve para definir as alianças sendo feitas entre partidos e personalidades para fins eleitorais. “Estranhas “ é pouco, “malucas” também, “estapafúrdias” é brando, “inacreditáveis” não diz tudo, ”desconcertantes” não diz a metade. “Esdrúxula” é a palavra. ”
Luís Fernando Veríssimo
Hoje em dia, infelizmente, política virou sinônimo de brigas nas redes sociais, desacatos, ofensas. Na verdade, virou quase um palavrão. Só que essa política da guerra cibernética é mais uma politicagem, um jogo de paixões e ódios, de fanatismos cegos que pouco têm a ver com a verdadeira política.
Sabemos que grande parte do nosso povo é pouco informado, sem acesso aos meios de comunicação que tratam com seriedade a política. Essas pessoas, na maioria das vezes, são facilmente manipuladas por falsos líderes e seu voto acaba tendo o mesmo peso de quem realmente entende da questão.
A palavra “política” é derivada do termo grego “politikos”, que designava os cidadãos que viviam na “polis”. “Polis”, por sua vez, era usada para se referir à cidade e também, em sentido mais abrangente, à sociedade organizada.
Onde quer que haja duas ou mais pessoas, haverá a necessidade de definir regras de convivência, limites de ação e deveres comuns. Portanto, a origem da política remonta à participação na comunidade, à vida coletiva e não apenas aos políticos profissionais, que procuram se eleger e reeleger ad infinitum.
Para o ato de governar, uma característica fundamental é a capacidade de mediar conflitos entre as pessoas. Sendo assim, o político deve conduzir sua gestão de forma a mediar os conflitos existentes na sociedade, procurando encontrar uma saída que seja boa para todos.
Muitos fatores contribuem para o descrédito de grande parte da população com a política. Promessas de campanha esquecidas, corrupção ativa e passiva, má gestão dos impostos pagos pelos trabalhadores, fisiologismo, desrespeito com as instituições, insensibilidade e por aí afora. O povo já está cansado de ouvir maravilhas nas campanhas e depois ver que tudo continuou do mesmo jeito, com áreas desassistidas cada vez mais carentes e emprego de recursos públicos para ações desimportantes e até nefastas. Um exemplo disso é o orçamento destinado ao “Fundão” (fundo eleitoral). 5 bilhões de reais num país quebrado pela pandemia! Isso é 9 vezes mais do que a verba destinada à ANVISA, que regula vacinas e medicamentos, hoje mais necessários do que nunca! São essas ações que geram o desvirtuamento da política!
Pior que não se pode argumentar ou trocar ideias, que seriam enriquecedoras, porque as pessoas logo levam para o lado pessoal e vira briga.
Meu avô foi Prefeito de Alegrete pelo PSD. Meu pai era UDN. Meu tio Jairo e minha mãe PTB. E conviviam numa harmonia perfeita, antes, durante e depois das eleições! Porque havia Respeito. Porque a amizade era superior às ideias políticas. Porque não eram apaixonados por político algum e só queriam o melhor para todo o povo.
Assim deveria ser. Nós elegemos os nossos representantes, aqueles que decidirão quase tudo na nossa vida e confiamos que eles façam um bom trabalho. Se não fizerem, nas eleições seguintes escolhemos outros, sempre tentando acertar, mas com informação.
Por isso, os debates nas campanhas eleitorais são sempre importantes! Precisamos ouvir, precisamos saber o que pensam, o que pretendem fazer com as verbas públicas, que direcionamentos seu governo pretende tomar, que áreas serão privilegiadas com investimentos, para que possamos escolher com uma margem menor de erro.
Tudo em nome da boa política!
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