domingo, 19 de dezembro de 2021

SEM COMUNICAÇÃO

  

                   É lamentável o número de pessoas que tinham se aproximado ou reaproximado através das redes sociais e que o fanatismo distanciou.

                Colegas de colégio, amigos de infância, professores, alunos, antigos vizinhos, paqueras da adolescência, enfim, gente que a vida distanciou geograficamente e que puderam se reencontrar nesses espaços da internet.

               Sem falar nos que se conhecerem ali mesmo e foram conversando, se descobrindo, se entendendo, encontrando afinidades e se tornando amigos ou até casais.

             As pessoas mostravam a descendência, orgulhosas da prole, contavam as conquistas, também algumas perdas, trocavam receitas, indicações de livros e filmes, documentavam viagens e também manifestavam suas opiniões sobre o momento do país, da sociedade, do mundo. Os melhor informados compartilhavam as informações – devidamente confirmadas – com os que não tinham acesso, ou preguiça de buscar a notícia. E todos podiam opinar sobre elas. Porque o diálogo é válido, acrescenta, modifica, constrói uma opinião mais assertiva.

                   Até que o país sofreu uma polarização deplorável que acabou por afastar amigos, criar inimizades, desavenças, tudo por conta do fanatismo e da impossibilidade de ouvir o outro e tentar entender suas razões.

               Não há mais meio termo, tampouco reflexão madura sobre nada. É pão, pão, queijo, queijo; ou é a favor, ou contra; ou gosta, ou não gosta, sem existir sequer o benefício da dúvida, a reflexão madura, a constatação da realidade, nada!

                 As pessoas escrevem o que querem, se fazem de jornalistas em sê-lo, filmam tudo com seus celulares como se fossem repórteres fotográficos e logo despejam na internet, que absorve tudo e espalha à torto e à direita, muitas vezes causando danos imensos às pessoas envolvidas e até incriminando inocentes.

             Na defesa, justa, das chamadas “minorias” hoje muitos extrapolam, radicalizam, transformam em graves ofensas até mesmo brincadeiras. Com isso, muitos têm cada vez menos coragem de se manifestar, vivem medindo as palavras, temendo ser mal interpretados e até acusados de injúria e coisas semelhante. Claro que existem as ofensas inaceitáveis, a violência verbal ou física contra quem quer que seja, que não podemos nunca tolerar. Aqui me refiro às pessoas boas, justas, que não fazem mal a ninguém e que hoje têm medo até de abrir a boca ou escrever algo nas redes sociais que possa ser mal interpretado. Essas perderam a autenticidade e estão se afastando daquele convívio outrora tão salutar e motivador.

              É uma pena para a humanidade, para a sociedade que o radicalismo e a intolerância tenham tomado conta das redes sociais – hoje quase antissociais – fechando as portas para o florescimento de novas amizades e o reencontro de tantos amigos distantes geograficamente!

            Salvam-se os grupos (alguns) que ainda reúnem afinidades, embora precisem ser constantemente mediados pelos administradores, evitando assim que a intolerância também se aposse deles.


 

Nenhum comentário: