Hoje falo por mim, no entanto, acredito que muita gente esteja passando por algo semelhante.
Eu sou “do tempo” que os livros eram o melhor passatempo; que a gente se correspondia com amigos, parentes, paqueras e namorados; que só se tomava refrigerante em dia de festa; que o padeiro e o leiteiro levavam seus produtos em nossa casa; que subir em árvores e muros era como subir escadas; que as famílias tinham uma caderneta de compras nos armazéns; que todo mundo ia ao matinê aos domingos; que as crianças só ganhavam brinquedos no Dia da Criança, aniversário e Natal; que a gente copiava as aulas num borrão e depois passava a limpo com caneta nos cadernos em casa; que só se comia um pouquinho de chocolate na Páscoa; que salgadinho era biscoito cream cracker e que pouquíssimas casas tinham telefone (via telefonista).
Dizendo isso, a novíssima geração deve imaginar que sou contemporânea dos dinossauros... E, se eu disser, que era bom e que acho até melhor do que hoje, certamente vão querer me internar num sanatório.
A globalização sempre me incomodou um pouco. Porque, se já não bastassem os nossos problemas, passamos a sofrer pelos problemas do mundo inteiro. Além das tragédias e desastres ambientais do nosso país, passamos a saber de todas as desgraças dos outros países e também a importar suas doenças. Claro que existe o outro lado (sempre tem) e que podemos compartilhar de avanços em todas as áreas e também ler escritores do mundo todo.
Eu me considero inadaptada quando vejo modelos, jogadores, celebridades instantâneas com milhões de seguidores nas redes sociais, sem nada para dizer ou acrescentar, postando bobagens e encurtando ainda mais as cabecinhas da nossa juventude.
Acho muito estranho as autoridades se manifestarem nas redes sociais ao invés de publicações oficiais, para o país todo, em horário nobre nos meios de comunicação. Quer dizer que o povo que não faz uso das redes sociais está condenado a não saber de nada que acontece no país, no seu estado, na sua cidade?!
Passei por várias fases nessa pandemia. Pela primeira vez na vida precisei tomar remédio para controlar a ansiedade, já que acordava sempre achando que estava com Covid e que iria morrer. Fiz procurações, testamento, deixei cartas, enfim, até uma malinha pronta para o hospital eu tinha no armário. E sei de mais gente que fez isso também...
Depois resolvi preencher meus dias comprando na internet. Nunca meus netos ganharam tantos presentes! E minha casa ficou cheia de inutilidades.
Até que canalizei o que restava da minha energia e criatividade para a leitura e a escrita. Li muitos livros! Bem mais do que costumava ler. E escrevi quatro romances e dois livros infantis. Foi o que me salvou!
Agora estou escrevendo um livro de crônicas e o quinto romance. Nunca chegarei a ter milhões de seguidores, entretanto, a “qualidade” dos meus leitores é inquestionável!
Ainda bem!
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