terça-feira, 15 de agosto de 2017

UM DIA PARA AS MULHERES




                        Todos os anos digo que não escreverei mais sobre este dia, porque não vejo muito sentido nele.

                        Acontece que, ao que parece, para se falar bem das mulheres é preciso arrasar com os homens, lembrando de todos os seus defeitos e achando-os tolos, estúpidos e insensíveis.

                       Venho de uma família com muitos homens, todos encantadores, maravilhosos, amorosos, então... não conseguiria elogiar a mulher em contraposição ao homem.

                       Prefiro comentar algumas peculiaridades que continuam predominantemente femininas, por mais que os gêneros estejam misturados e equivalentes hoje em dia.

                       As mulheres tendem a se cuidar mais, a ir mais ao médico, por isso é comum ver grupos de terceira idade viajando, dançando, se divertindo, com muitas mulheres e apenas dois ou três homens entre elas, suportando as brincadeiras e sendo cuidados pelas companheiras de viagem. Por onde andam os maridos destas mulheres? A maioria é viúva, infelizmente. Passaram anos servindo a um marido muitas vezes exigente, machista, desanimado, teimoso, que sempre resistiu a seus convites para começar a se cuidar, abandonar os vícios, dançar, ser um pouco mais alegre. E se foram, deixando para elas uma pensão que, bem administrada, lhes possibilita viajar em grupo duas ou três vezes por ano. Pena que não puderam compartilhar das coisas boas da vida juntos, mas fazer o quê? Elas bem que tentaram...

Muitas mulheres desistiram de compreender os homens, ou acompanhá-los em sua maneira de encarar a vida e os problemas. E aceitaram a premissa de que só serão amadas por eles quando não os contrariarem, ou forem capazes de fingir o bastante para apreciar seus programas e papos favoritos. Algumas, em contrapartida, exigem demais dos homens, querendo que sejam fortes e sensíveis; másculos e jeitosos; decididos e compreensivos, em difíceis dicotomias.

A força da mulher vem, em parte, da sua necessidade de resistir a alguns revezes, desde tenra idade, como puxões de cabelo doloridos a cada dia, na hora do penteado; roupas desconfortáveis em nome da beleza e dos enfeites; suportar a menstruação e suas limitações desde os doze anos, sem desistir dos programas por causa dela, apesar do desconforto; a tortura dos saltos altos de bico fino, desses que parecem ter sido criados para quem tem apenas três dedos nos pés; a meia-calça que escorrega e, ao ser puxada de volta, costuma fazer correr fios constrangedores; a maquilagem que demora para ser feita e também para ser retirada; a depilação (dolorida) com cera quente; o fato de se ver cercada de intolerância na TPM e ainda se enternecer com a gravidez, sabendo que terá de passar pelas dores do parto e todo o desconforto subsequente. Tudo isso sem “aborrecer” os homens, ou diminuir seu romantismo, ou entusiasmo. E, às vezes, tendo que conviver com homens descuidados, desmazelados, mas que querem a companheira sempre impecável.

Agora, vamos com calma, porque nem tudo são flores, nem todas as mulheres são tudo isso. Por exemplo, é bom saber que:

Mulher, quando é ruim, é péssima!

Mulher, quando não sabe cozinhar, é um desastre em qualquer fogão. E não quer aprender.

Mulher, quando é mentirosa, haja Deus! Acredita em suas próprias mentiras.

Mulher, quando é fofoqueira, Deus nos acuda! Não sobra pedra sobre pedra no bairro inteiro e nem na família.

Mulher, quando é relaxada... basta olhar os banheiros públicos femininos.

Mulher, quando é safada, falta chapéu pra tanto corno.

Mulher, quando é preguiçosa, afunda o colchão e o sofá.

Ainda bem que não são a maioria, pois essas não merecem nenhuma homenagem.

                Como mulher, quero aproveitar este espaço e este dia para parabenizar as mulheres feias, bonitas, razoáveis, batalhadoras, decididas e, sobretudo, confiáveis, meigas, femininas, inteligentes, capazes, sinceras e cordiais. Existem! Existem mesmo!

                  Temos que pensar no fato de que aponta o censo que as mulheres já existem em maior número e, ainda assim, há menos traficantes, assaltantes, sequestradoras, terroristas entre elas.  Por que será?

                  Homens, não esqueçam que vocês são visuais e nós, mulheres, auditivas. Não economizem nos elogios! A gente gosta e sempre merece algum. Além disso, lembrem-se que a mulher jamais esquece o homem que a faz rir. Senso de humor é fundamental, embora não este humor chulo de piadinhas de duplo sentido, desse as mulheres gostam pouco.

Se há alguma bandeira a ser levantada neste dia que dedicaram à mulher, deve ser a favor da mulher pobre, desinformada, abusada pelos patrões e pelo marido, discriminada pelo número de filhos que coloca no mundo por ignorância, mesmo que passe a vida se responsabilizando por eles e tentando lhes dar uma condição melhor. A favor também das mutiladas em rituais de fanáticos, das espancadas, estupradas e mortas por homens pervertidos e acobertados por uma falsa moral.

Que a sociedade ampare e promova estas mulheres – substantivo concreto e invariável – para que não seja mais preciso criar um dia de conscientização mundial.

Quero formar aqui uma grande roda de abraço com todas as mulheres de verdade, honestas, sinceras, batalhadoras, engraçadas, sensíveis, amorosas, filhentas, familientas, corajosas, decididas, com orgulho de serem mulheres e sem mágoa ou rivalidade com os homens, em busca de amor e parceria apenas.

Parabéns a todas!




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