Hoje (dia 30 de outubro) faz dezoito
anos que meu pai morreu. Embora continue muito vivo em mim, nas minhas
lembranças, na minha saudade, nos meus valores e no meu jeito de ser.
Aqui, em nossa casa de Alegrete,
sinto-me ainda mais perto dele. Seja nas fotos da parede; na velha máquina onde
comecei a escrever e criei tantas histórias; no bureau de boa madeira, quase da minha idade e tão sólido, com a
cadeira giratória – alvo de brincadeiras e xingamentos; medalhas e comendas,
roupas, enfim, é como se ele estivesse conosco para sempre.
Gosto muito de arrumar gavetas,
organizar papéis e, neste afã, volta e meia garimpo preciosidades. Inúmeras
vezes me deliciei nos guardados de meu pai, que era organizado como eu. Desta
vez não foi diferente e sempre encontro alguma coisa que havia passado
despercebida.
Encontrei um primor de conto gauchesco
escrito por ele, no tempo da inauguração da estátua do Negrinho do Pastoreio,
feita por Vasco Prado, lá no Parque Rui Ramos. O título do conto é “O Susto do
Deoclécio” e há também um subtítulo: “Episódio Regional”. Muito espirituoso e
bem escrito. Teria adorado comentá-lo com ele.
Nos recortes arquivados de jornais
encontrei detalhes do enterro do meu avô, onde até Brizola compareceu. E também
as saudações que fiz, ainda muito pequena, ao Secretário e ao Ministro da
Educação, em nome da cidade e do IEOA.
Fotos dos meus filhos, bilhetinhos
apaixonados da minha mãe, cartões dos filhos e netos, enfim, meu pai sempre
valorizou muito as relações afetivas. E, também nisso, sempre fui sua fã
incondicional.
Hoje, depois de dezoito anos de
ausência, guardo intactas as lembranças de toda uma vida e o sinto muito
presente entre nós, porque um homem como o seu Ramos é eterno, sem dúvida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário