Penso que muito da violência, da inconsequência e da maldade
que vivemos em nossos dias se deve à falta de uma Fé em alguém que nos protege,
nos vigia e cobra por nossos erros. A falência da família e a falta de religião
transformaram o homem num robô perdido e irresponsável, desvalorizaram a vida,
despertaram o lado animal ruim de gente cada vez mais monstruosa e menos
humana.
Sou católica, felizmente praticante. Quando não vou à missa aos
domingos minha semana emperra, fica faltando aquela hora de reflexão, de
celebração, de um mergulho profundo na minha essência e na razão maior dessa
vida terrena. Vejo, com pesar, minha igreja se esvaziando de jovens, talvez por
ter normas mais rígidas e menos flexibilidade para abarcar as profundas
modificações da sociedade. Sei que o terço nas mãos da minha mãe tem o poder
até maior que os remédios que ela toma e que muito da sua alegria de viver aos
97 anos se deve à sua Fé inabalável em Deus e na Virgem Maria. Mesmo quem não
crê em Deus, sabe que Jesus existiu e que tinha uma mãe chamada Maria. Para uns
é Virgem e Santa, para outros uma mulher comum, mas sempre a mãe de Jesus. Uma
razão fortíssima para que seja, senão idolatrada, respeitada por todos que
creem nEle.
Há tempos dona Conceição pedia para conhecer o novo
Santuário da Madre Paulina, hoje Santa Paulina. Para o sacrifício ser completo,
escolhemos um dia de um calor de 40º para levá-la até lá. No carro o ar
condicionado deu jeito, mas lá não tem nenhum aparelho! Aquele calor não
combina com uma igreja e parece mais aqueles recantos do coisa ruim. Vimos a
metade das coisas e prometemos voltar lá quando o Outono ou o Inverno chegar.
Saímos quase corridos, antes que começássemos a passar mal.
Mesmo com os miolos cozinhando, ainda consegui refletir um
pouco diante da imagem da santa, que não está ali para ser adorada, mas
homenageada e para servir de informação de quem foi aquela frágil mulher, o que
fez e porque foi santificada. A essência foi a bondade e o bem que fez aos
outros, sobretudo aos mais necessitados. Parece que ninguém vira santo se não
se dedicar a diminuir o sofrimento dos mais pobres, dos mais doentes, dos mais
desassistidos. Esse, para mim, é o grande diferencial do catolicismo, pelos
menos do mais recente.
Agora, aquela lasca de osso colocada num vidro e na qual as
pessoas passam as mãos como se fosse água benta ... não sei não. Aquilo me
incomodou um pouco, achei mórbido, terreno demais. As pessoas faziam questão de
bater fotos bem de pertinho e mandavam até os bebês alisarem o vidro onde
estava o osso. Eu não tirei fotos (esta peguei no Google), preferi levantar os
olhos para a imagem maior, onde a freirinha aparece bondosa e sorridente.
Que nossa Santa brasileira, nascida na Itália, possa ajudar
um pouco esse nosso país tão carente de tudo, inclusive de uma Fé em algo bem
maior que seus bens e seu umbigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário