segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

O OSSO DA SANTA

                            Política, religião e futebol não se devem discutir. É inimizade na certa. Sem resultado positivo algum. Cada um tem a sua e todas merecem ser respeitadas. Mesmo quem não tem nenhuma deve ser respeitado, ainda que lamentemos por eles a falta de um bem maior em que possam se apoiar nas horas mais difíceis.
                           Penso que muito da violência, da inconsequência e da maldade que vivemos em nossos dias se deve à falta de uma Fé em alguém que nos protege, nos vigia e cobra por nossos erros. A falência da família e a falta de religião transformaram o homem num robô perdido e irresponsável, desvalorizaram a vida, despertaram o lado animal ruim de gente cada vez mais monstruosa e menos humana.
                           Sou católica, felizmente praticante. Quando não vou à missa aos domingos minha semana emperra, fica faltando aquela hora de reflexão, de celebração, de um mergulho profundo na minha essência e na razão maior dessa vida terrena. Vejo, com pesar, minha igreja se esvaziando de jovens, talvez por ter normas mais rígidas e menos flexibilidade para abarcar as profundas modificações da sociedade. Sei que o terço nas mãos da minha mãe tem o poder até maior que os remédios que ela toma e que muito da sua alegria de viver aos 97 anos se deve à sua Fé inabalável em Deus e na Virgem Maria. Mesmo quem não crê em Deus, sabe que Jesus existiu e que tinha uma mãe chamada Maria. Para uns é Virgem e Santa, para outros uma mulher comum, mas sempre a mãe de Jesus. Uma razão fortíssima para que seja, senão idolatrada, respeitada por todos que creem nEle.
                             Há tempos dona Conceição pedia para conhecer o novo Santuário da Madre Paulina, hoje Santa Paulina. Para o sacrifício ser completo, escolhemos um dia de um calor de 40º para levá-la até lá. No carro o ar condicionado deu jeito, mas lá não tem nenhum aparelho! Aquele calor não combina com uma igreja e parece mais aqueles recantos do coisa ruim. Vimos a metade das coisas e prometemos voltar lá quando o Outono ou o Inverno chegar. Saímos quase corridos, antes que começássemos a passar mal.
                             Mesmo com os miolos cozinhando, ainda consegui refletir um pouco diante da imagem da santa, que não está ali para ser adorada, mas homenageada e para servir de informação de quem foi aquela frágil mulher, o que fez e porque foi santificada. A essência foi a bondade e o bem que fez aos outros, sobretudo aos mais necessitados. Parece que ninguém vira santo se não se dedicar a diminuir o sofrimento dos mais pobres, dos mais doentes, dos mais desassistidos. Esse, para mim, é o grande diferencial do catolicismo, pelos menos do mais recente.
                           Agora, aquela lasca de osso colocada num vidro e na qual as pessoas passam as mãos como se fosse água benta ... não sei não. Aquilo me incomodou um pouco, achei mórbido, terreno demais. As pessoas faziam questão de bater fotos bem de pertinho e mandavam até os bebês alisarem o vidro onde estava o osso. Eu não tirei fotos (esta peguei no Google), preferi levantar os olhos para a imagem maior, onde a freirinha aparece bondosa e sorridente.
                          Que nossa Santa brasileira, nascida na Itália, possa ajudar um pouco esse nosso país tão carente de tudo, inclusive de uma Fé em algo bem maior que seus bens e seu umbigo.




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