Mesmo com muitas tentativas, não há como fugir do
assunto. As atrocidades cometidas em prisões
no Norte do país são abomináveis, estarrecedoras e mostram um viés nada humano daqueles
monstros enjaulados.
Como se não bastasse o caos político e econômico em que
nosso país se encontra, agora nos deparamos com uma raça sub-humana, capaz de
degolar, esquartejar, arrancar tripas e corações de pessoas a sangue frio, sem
sentir nada, e ainda filmando e distribuindo vídeos da barbárie como feitos
gloriosos. Não vi e não veria por dinheiro algum, mas certamente houve quem
assistisse e até prestasse bastasse atenção... mas isso é outro assunto.
Não pretendo apresentar soluções, que não me competem, mas
tentar elencar algumas prováveis causas do brasileiro ter chegado a esse nível
rasteiro na escala humana (eu eliminaria todos os chefões do tráfico, presos ou
não, mas não tenho poderes para isso).
Não há uma causa isolada e, sim, uma ciranda macabra
interligada.
A falta de investimento maciço em educação – e consequente
planejamento familiar – gera crianças e jovens ao deus dará, facilmente
cooptados para o crime. Já reparou na quantidade de adolescentes grávidas nas
favelas? Sem pai responsável e sem a menor condição de sustentar e educar os filhos
da irresponsabilidade? O que farão para viver, para sobreviver, para conseguir
adquirir tudo aquilo que a TV não cansa de mostrar? Fácil deduzir né? Se os
valores que lhes passam são apenas os do Ter, tem que se virar para ter de qualquer
maneira.
Mesmo nas famílias completas, a desagregação familiar gera
jovens revoltados e facilmente levados ao mundo das drogas. Pais briguentos,
relapsos, mais ocupados com as redes sociais e com seus grupos de WhatsApp do
que com aqueles seres em formação deixam lacunas que as drogas e os falsos amigos
logo se encarregam de suprir.
A imensa – e hoje escancarada – disparidade de renda entre
as pessoas, onde alguns pais usam helicópteros para buscar os filhos nas festas
e outros não tem um pão novo para oferecer em casa, revoltam e fazem o jovem
desacreditar nas instituições.
A corrupção dos governos e dos políticos, a descrença
naqueles que em que o povo confiara e que se locupletou e aos seus amigos com
verbas que seriam destinadas à população, tudo isso gera revolta e o sentimento
de que se eles fizeram, o povo pode fazer também. Valores negativos somados à
impunidade são um fermento para pouco caráter e para a ociosidade do desemprego.
Filmes sanguinários, violentos, programas de mundo cão, de
atrocidades, de aulas práticas de como praticar o mal inundando os canais abertos
da televisão, justo aqueles que o povo sem cabeça mais assiste! Em busca de audiência,
as emissoras capricham nos pratos que os malfeitores mais apreciam: tiros,
facadas, estupros, roubos, perseguições, violência e mais violência.
Uma mídia negativa só divulga os horrores, dando realce para
o ruim e péssimos exemplos. Nunca se veem noticiadas as coisas boas que ainda
existem, as boas ações, as pessoas do bem que vivem ajudando o próximo, a
dedicação de quem cuida de velhos carentes e crianças abandonadas, os que
conseguem superar as dificuldades e, mesmo assim, terem sucesso no que fazem. Nada
disso é mostrado, a não ser em rápidos flashes, para sobrar tempo para o mundo
cão ser apresentado, com pompa e circunstância.
A preocupação em desacreditar na Fé, nas religiões, em Deus,
mostrando sempre as exceções erradas, ao invés de todo bem que fazem às pessoas.
Um sistema judiciário emperrado, que solta bandidos e prende
réus primários, acusados de pequenos furtos, junto com facínoras. Que se preocupa
mais com a família dos bandidos do que com a família das vítimas. Que permite
que advogados de porta de cadeia levem recados, celulares e armas aos chefões
da bandidagem.
Direitos Humanos que não permitem trabalhos forçados para
homens ociosos, que poderiam plantar e colher para comer, construir novos
presídios com suas mãos bandidas, cavar buracos, carregar pedras, construir,
mesmo com correntes nos pés para não fugir, ao invés de ficarem arquitetando
fugas e rebeliões enquanto esperam a quentinha balanceada.
Não cobrem piedade de um povo que vive atormentado, medroso,
à mercê da bandidagem. Estupradores até de crianças foram mortos ali, mas não
por isso e sim porque faziam parte de um bando rival.
Enquanto os jovens se drogarem nas festas o tráfico
continuará a existir, pois a lei da oferta e da procura vale para isso também.
Mais escolas, mais leitura, mais exemplos edificantes, mais
honestidade, mais respeito, mais valores, melhores exemplos, mais trabalho – é disso
que o brasileiro precisa!
Chegamos ao fundo do poço.
Agora, é dar impulso positivo para tentar sair.
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