segunda-feira, 14 de março de 2016

13 de março de 2016.




                             Ontem eu não consegui escrever.
                             Há muito tempo eu não caminhava 10 km e cheguei em casa muito cansada, exaurida física e emocionalmente.
                             Mesmo exausta, foi muito difícil conciliar o sono. Muitas emoções ainda não tinham encontrado seu lugar na minha cabeça sexagenária.
                            Vivo repetindo para a minha mãe (uma iludida de carteirinha) que “quem não se ilude, não se desilude”. Pois é, mas eu me iludi. E tive uma grande desilusão com o PT e com o Lula.
                           Raramente compareço a passeatas, na maioria das vezes assisto pela TV, como muitos brasileiros. Ontem eu fui. Devia isso aos meus filhos, precisava fazer essa caminhada com os meus netos. Porque lá atrás, mesmo sendo casada com um militar na época, eu apostei num trabalhador para valorizar o trabalho, num pobre para não roubar, nem deixar roubar, num discurso inflamado contra a mentira. Contrariando meu pai UDN e meu marido militar, eu levei meus três meninos para um grande comício debaixo de chuva e cantávamos as musiquinhas e usávamos os bottons e colávamos adesivos no carro. Éramos Lula até debaixo d’água. Meu primeiro voto depois da ditadura foi nele, com meu filho mais novo no colo, me achando cidadã.
                           Ontem, caminhando no meio daquela multidão verde-amarelo, gritando palavras de ordem contra o Lula, tive vontade de chorar. Pela desilusão, pela decepção tremenda de saber que ele mentiu, que ele pagou e recebeu benesses para trair o Brasil e sua maior estatal e porque ele é capaz de instigar os truculentos movimentos sindicais contra aquele povo desarmado, pacífico, ordeiro, que não faz arruaças e só reclama o direto de voltar a acreditar na justiça e na honestidade.
                            Na minha cabeça as músicas se misturavam; o filho, na época o mais entusiasmado nos comícios, hoje com fios prateados nas têmporas, caminhava ao meu lado, junto da esposa e da filhinha. Meu neto mais velho recebia a primeira lição concreta de História e de cidadania e a sobrinha temia que os colegas da Universidade a vissem, porque lá ainda não é permitido pensar diferente.
                           Foi uma longa caminhada... tomara que os políticos entendam que não vamos mais aceitar propinas, roubalheira, desvios de verbas e discursos mentirosos. Naquele mar verde-amarelo não havia um só cartaz assinalando  as siglas de partidos políticos. Penso que o povo, se pudesse, sumiria com todos eles, ao invés de ver pipocar cada vez mais siglas nanicas e sem representatividade, com o único objetivo de depois se aliarem às grandes e pedir empregos e troca de favores. Ninguém mais quer saber dessa política desgastada e desacreditada! Ou eles mudam radicalmente, ou terão que voltar a trabalhar de verdade para sustentar suas famílias!
                          Nem ufanismo, nem sentimento de vitória, apenas a sacralização de uma das maiores desilusões da vida, aliada à esperança que o Hino Nacional e a Bandeira brasileira trazem ao coração da gente.
                         O recado foi dado! Muito bem dado!




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