quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

TOLERÂNCIA X INTOLERÂNCIA



             Sempre me ocorrem comparações entre a juventude e a maturidade, em busca, quem sabe, de um ganho real para esses teimosos cabelos brancos nas têmporas (que eu pinto, é claro!).
                A juventude é linda, suada, cheia de espinhas, fala alto, senta mal, só presta atenção nas bobagens que seus contemporâneos dizem, como se fossem verdades absolutas. Pouco se importam com os grandes problemas da humanidade ou do planeta, enquanto morrem de preocupação com a briga daquele casal de namorados, ou dos atritos de um deles com o pai, ou ainda a menstruação atrasada de uma menina da turma.
                Amam e odeiam com a mesma intensidade e entre o certo e o errado não cabe uma alternativa sequer.
                Na maturidade os arroubos diminuem (pena que em todos os sentidos), já não matamos ou morremos, tampouco acreditamos "de cara" em tudo o que nos dizem.
                 Já disse aqui que meu maior defeito sempre foi a impaciência. Não gosto de atrasos e não sei esperar. Levo pilhas de livros para os consultórios de médicos e dentistas para não desistir e sair xingando.
                  Minha grande esperança com esta antessala da velhice é me tornar um pouco mais paciente, mais tolerante, mais resignada, mais cordata. Até agora...
                  Se não atingi plenamente meu objetivo, mudanças outras já podem ser comprovadas no meu jeito de pensar e agir. Por exemplo, não suporto mais piadinhas de conotação sexual, acho tudo de uma pobreza sem limites. Será grave? Irreversível? Sintomático?
                   Frases feitas, vazias, decoradas conseguem também me irritar bastante, como aqueles machismos, aquelas piadas de loiras, aqueles chavões gastos como da mulher que não sabe dirigir, do gaúcho que desempenha sempre o papel de homossexual (ah cotovelos!), dos homens tarados por bundas e mulheres por dinheiro, enfim, essas coisas, hoje em dia, só me fazem apertar a tecla DEL.
                   Muitas coisas me fazem distinguir a juventude da maturidade e procuro fazer uso de uma delas - a tolerância - para engolir muitos jovens tão intolerantes com os mais velhos.
                  Usando , como eles, um pensamento bem batido, concluo dizendo que nós, os mais velhos, já fomos como eles, enquanto eles não sabem se chegarão a ser como nós.
                    Tomara que sim!


Um comentário:

Paulo disse...


Fico feliz ao ver que não sou só eu que pensa assim. Já estava me achando um velho ranzinza. Mas ainda perco a paciência em ver os jovens insistindo em erros apesar das advertências.
Bom retorno aos textos. Espero que tenha encontrado companhia para assistir aos desfiles na "Nego Quirido".
Abraço!