Sempre
me ocorrem comparações entre a juventude e a maturidade, em busca, quem sabe,
de um ganho real para esses teimosos cabelos brancos nas têmporas (que eu
pinto, é claro!).
A
juventude é linda, suada, cheia de espinhas, fala alto, senta mal, só presta
atenção nas bobagens que seus contemporâneos dizem, como se fossem verdades
absolutas. Pouco se importam com os grandes problemas da humanidade ou do
planeta, enquanto morrem de preocupação com a briga daquele casal de namorados,
ou dos atritos de um deles com o pai, ou ainda a menstruação atrasada de uma menina
da turma.
Amam e odeiam com a mesma intensidade e entre o certo e o errado não cabe
uma alternativa sequer.
Na maturidade os arroubos diminuem (pena que em todos os sentidos), já não
matamos ou morremos, tampouco acreditamos "de cara" em tudo o que nos
dizem.
Já disse aqui que meu maior defeito sempre foi a impaciência. Não gosto de
atrasos e não sei esperar. Levo pilhas de livros para os consultórios de
médicos e dentistas para não desistir e sair xingando.
Minha grande esperança com esta antessala da velhice é me tornar um pouco mais
paciente, mais tolerante, mais resignada, mais cordata. Até agora...
Se
não atingi plenamente meu objetivo, mudanças outras já podem ser comprovadas no
meu jeito de pensar e agir. Por exemplo, não suporto mais piadinhas de
conotação sexual, acho tudo de uma pobreza sem limites. Será grave?
Irreversível? Sintomático?
Frases feitas, vazias, decoradas conseguem também me irritar bastante, como
aqueles machismos, aquelas piadas de loiras, aqueles chavões gastos como da
mulher que não sabe dirigir, do gaúcho que desempenha sempre o papel de
homossexual (ah cotovelos!), dos homens tarados por bundas e mulheres por
dinheiro, enfim, essas coisas, hoje em dia, só me fazem apertar a tecla DEL.
Muitas
coisas me fazem distinguir a juventude da maturidade e procuro fazer uso de uma
delas - a tolerância - para engolir muitos jovens tão intolerantes com os mais
velhos.
Usando , como eles, um pensamento bem batido, concluo dizendo que nós, os mais
velhos, já fomos como eles, enquanto eles não sabem se chegarão a ser como nós.
Tomara que sim!
Um comentário:
Fico feliz ao ver que não sou só eu que pensa assim. Já estava me achando um velho ranzinza. Mas ainda perco a paciência em ver os jovens insistindo em erros apesar das advertências.
Bom retorno aos textos. Espero que tenha encontrado companhia para assistir aos desfiles na "Nego Quirido".
Abraço!
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