Crescemos dentro da concepção de que nosso país estava em
desenvolvimento e que seria o país do futuro. Que a nossa Amazônia seria o
pulmão do mundo e nossa natureza exuberante atrairia para cá turistas,
investidores e imigrantes. Houve um tempo até que parecia que o futuro já tinha
chegado, tal o entusiasmo pela nossa prosperidade crescente.
Durante muito tempo eu me considerei apolítica. O auge da
minha juventude transcorreu durante o período da ditadura militar e eu já era
mãe sem jamais ter votado. Meu titulo de eleitor era virgem.
A partir da redemocratização do país, fui tomada de um
patriotismo exacerbado, e andei flertando com alguns partidos políticos, ainda
que jamais tivesse me filiado a nenhum. O discurso de quem valorizava o
trabalho me conquistou e portei bandeiras que hoje me decepcionam e me causam arrependimento.
A pior desilusão é de quem se iludiu e vejo com bastante revolta e desencanto a
derrocada dos falsos líderes.
Nossa última esperança de visibilidade positiva era a Copa
do Mundo de futebol, com a construção de estádios, alojamentos, estradas,
acessos. O país se pintou de verde-amarelo, redescobriu a alegria de se
orgulhar de sua bandeira, enfeitou casas e carros e deu no que deu. Além da
vergonha de perder de sete a um para a Alemanha, deixando milhões de
brasileiros mudos diante da TV, os estádios foram superfaturados, a roubalheira
correu solta, as propinas assaltaram os cofres públicos e ficamos desonrados e
ainda mais pobres e ridículos perante o resto do mundo.
De lá para cá vemos o Brasil despencando tal qual os resíduos
criminosos do minério da Samarco, enlameando nossas últimas ilusões, destruindo
nossos sonhos, arrasando o futuro de toda uma geração. Deixamos de ser
atraentes para os investidores, viramos o país do desemprego e, consequentemente,
da violência generalizada, ficamos pasmos diante das somas vultosas desviadas
para cá e para lá, enquanto “nossa pátria dormia assim tão distraída, sem
perceber que era subtraída em tenebrosas transações”.
Enchentes e
destruição para todo lado, seca cruel em determinadas regiões arrasando a vida
e o sustento de muitos, temporais, ventanias, fenômenos impiedosos da natureza
deixando rastros de dor e de perplexidade, além das catástrofes produzidas por
falhas, descaso e despreparo humanos.
Para completar,
estamos sendo derrotados por um mosquito, milhares de brasileirinhos estão
nascendo deformados, incapacitados pela picada de um mosquito que se desenvolve
mais e mais, só aumenta e para o qual a vigilância sanitária está perdendo a
guerra. Curioso é saber que os países vizinhos estão livres de mosquito assassino,
e só aqui ele se prolifera, adoece, mata e aleija tanta gente.
Não bastava o câncer, a AIDS, a hepatite e tantas doenças
cada vez mais agressivas a dizimar nosso povo, agora surge um mosquito responsável
por três doenças, sendo uma delas incapacitante e as outras duas capazes de
levar a óbito também.
Diante dessas notícias arrasadoras de doenças e de corrupção,
onde não recebemos uma só notícia alvissareira nos jornais, revistas e
telejornais, a pergunta que não quer calar é essa:
- O que há com o
Brasil?!
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