quinta-feira, 19 de novembro de 2015

REGIONAL X UNIVERSAL



                       Que o povo gaúcho é o mais bairrista do país todo mundo já sabe. O gaúcho se considera bem mais gaúcho do que brasileiro.
                       Na literatura, o regionalismo tem seu destaque, embora um destaque mais regional, preferido por aquela região de que fala o texto e até com alguns entraves linguísticos para o povo de outros lugares.
                      Lembro que precisava traduzir, o tempo todo, os contos de Simões Lopes Neto para os meus alunos do curso de Letras, ainda que vivessem num estado bem vizinho ao do autor.
                     Na literatura infantil essas peculiaridades ficam exacerbadas, pois as crianças têm mais dificuldade de entender aquilo que nunca vivenciaram.
                     Na feira do Livro de Porto Alegre, filas enormes se formavam diante de um casal jovem que escrevera uma coletânea para crianças, adaptando os contos de fadas ao linguajar e costumes gaúchos. Além da ampla divulgação dos livros em todos os canais de comunicação, escolas, etc., o fato dos personagens usarem bombachas, morarem em estâncias, comerem churrasco, tomarem chimarrão e todos esses hábitos gauchescos, fizeram com que os pais e professores se identificassem e aproveitassem para incutir nos pequenos mais tradicionalismo , mais amor aos costumes da sua região.
                       A única ressalva é que os jovens escritores não criaram nada, apenas adaptaram histórias consagradas a uma nova roupagem. A partir desses livrinhos, já famosos entre os pequenos, as princesas se vestirão de prendas, os príncipes de gaúcho e as “pilchas” substituirão as coroas, carruagens e tudo aquilo que povoa o imaginário dos pequeninos a partir dos contos de fadas.
                       Se é bom ou ruim, cada um sabe de si; se vai durar o encanto depende dos pequenos leitores; agora, que o casalzinho faturou muito, disso não tenho a menor dúvida!





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