Gosto
muito de programas envolvendo crianças e a educação das mesmas. Penso que sou pedagoga
e educadora além dos diplomas que possuo; educar faz parte da minha natureza.
Por
conta disso, quase sempre assisto aos programas com aquelas super babás,
especializadas em crianças difíceis e pais relapsos. Na maioria das vezes
concordo com elas e até já aproveitei algumas ideias para as crianças da família.
Só que não é dessa parte pedagógica que quero falar.
As
famílias que se inscrevem no programa devem, em primeiro lugar, possuir uma
casa enorme, onde caiba toda a equipe da TV e muitas câmeras instaladas em
todas as peças. Geralmente as casas, além de grandes, são lindas, recheadas de
eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos, montanhas de brinquedos, roupas
espalhadas por todo lado e carros maravilhosos.
Como
pertenço a um país do Terceiro Mundo, onde os americanos do norte e os europeus
julgam só existir bárbaros e animais, fico chocada ao ver que aqueles ingleses
milionários têm quase sempre dentes podres, sorrisos amarelos e desalinhados e
saem da mesa direto para o trabalho sem dar sequer um alô para a escova de
dente.
Nessas casas, como nos filmes deles também, adultos e crianças chegam da rua
direto para a mesa, usando a mão suja inclusive para segurar alguma comida. E
não há sombra de toalha nas mesas, é o prato direto na madeira e as migalhas em
volta.
Sabe-se
que lá empregada doméstica é artigo de luxo e ninguém tem. Também não passam
roupa e o jantar que preparam todas as noites é na base do macarrão com
salsicha, com raras variações.
São idiossincrasias
culturais, escalas de valores antagônicas, enfim, muito diferente do que vemos
por aqui.
E
as crianças? Aquelas lindas bonequinhas loiras de olhos azuis? Que batem no
rosto dos pais, chutam os irmãos, jogam tudo uns nos outros e destroem a casa?
Falta
de limites, de energia, de autoridade, de diálogo e, em casos extremos, de uma
boa palmada, por que não?!
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