domingo, 19 de julho de 2015

CHEIROS & PERFUMES




                         Parece a mesma coisa, mas não é. Os cheiros são naturais, inerentes, os perfumes são artificiais, colocados ali, misturados artificialmente, comprados.
                        Quer ver um exemplo? Abra a mãozinha de um bebê, antes do banho, e cheire a palma suada. Aquele é o cheiro dele, assim como os pezinhos dentro das meias, ou o pescoço quentinho na gola do casaco. Depois do banho, o bebê vem perfumado, rescindindo a sabonete, lavanda, odor agradável, mas não é o seu cheiro.
                        O cheiro do alho e da cebola fritando, do café fresco sendo coado, do bolo assando, do chimarrão, do churrasco são odores característicos de cada um desses ingredientes que não mudam, pertencem a eles.
                       Já os perfumes são mais flexíveis, podem ser misturados, alterados, combinados artificialmente. Cada flor, cada erva tem seu cheiro próprio, mas da sua combinação nascem os perfumes, mais adocicados, mais cítricos, mais amadeirados.
                       O olfato é um sentido muito importante, pois interage com outros sentidos e desperta atração ou repulsa momentaneamente. É quase impossível conviver com uma pessoa que usa e abusa de um perfume que nos fere as narinas, nos embrulha o estômago, nos repele enfim. Nesse caso, como o perfume é artificial, a pessoa pode trocá-lo por outro mais suave, ou com toques que agradem mais ao companheiro. Já o cheiro próprio do corpo, esse não há jeito de ser trocado e, quando desagrada o olfato do parceiro, é uma relação fadada ao fracasso.
                      Existem cheiros extremamente agradáveis, como o da chuva na terra molhada, por exemplo, ou das plantas orvalhadas antes do sol. Já outros, ainda que naturais, podem ser excessivos se respirados por muito tempo, como um jarro de lírios ou de jasmins na cabeceira da cama.
                      O cheiro dos filhos, o cheiro da pessoa amada, o cheiro dos bebês se amalgamam na memória olfativa e nos acompanham por toda a vida. Daí o prazer de cheirar os travesseiros, os pijamas, os roupões, tudo aquilo que é usado antes do banho e dos perfumes, conservando o cheiro da pele dos nossos afetos.
                        Perfumes podem ser escolhidos e trocados. Cheiros não.
                        Por isso, no amor, todos os sentidos devem estar atentos e descobrir a simbiose perfeita da visão, da audição, do paladar, do tato e principalmente do olfato.
                       Qual é o seu cheiro?
                       E o seu perfume?



2 comentários:

Ana Luiza disse...

Atualmente estou usando Noa da Cacharrel, mas troco quando termina por outro. Uso os suaves, invetno e verão.

Maria Luiza Vargas Ramos disse...

Uso Noa também, mas nunca de manhã.