sexta-feira, 17 de julho de 2015

ONDE ESTAVAM?




                         Não sou deste século, mas vocês também não devem ser, pois o século XXI tem apenas quinze anos. Por isso, cabe a pergunta:
                         - Na nossa infância e juventude, onde estavam os gays? Conhecíamos um ou dois, geralmente folclóricos na cidade, amigos de todo mundo e a curiosidade parava por aí. Eram naturalmente respeitados, sem maiores polêmicas.
                          Os meninos eram meninos, as meninas eram meninas, formavam-se casais e as exceções eram tratadas com tolerância. Não havia nada demais em dar bonecas de presente para as meninas, carrinhos para os meninos e eles brincarem juntos de rei-rainha, nas primeiras formações de casais. Preconceito nenhum, nenhuma agressão.
                         Às vezes, os meninos brincavam junto com as meninas, sendo os “pais” das bonecas, sem maiores questionamentos. Muitas meninas (inclusive eu) jogavam futebol, eram craques nas bolinhas de gude e no pião e até trocavam sopapos com os amigos sem que fosse debatida a sua feminilidade, ou surgisse uma discussão sobre “gênero”.
                         E agora? Por que essa patrulha toda sobre as crianças? Esses são os verdadeiros preconceituosos! No nosso tempo, a gente encarava tudo com mais normalidade, nada era imposto, nem havia termos específicos para identificar esta ou aquela tendência. Deve ser porque aprendíamos cedo que a vida pessoal das pessoas pertencia a elas e não era para ser escancarada na frente de todo mundo, numa vitrine indesejada.
                        E o tal “bullying”? Quem não levou apelidos na infância? Pau de virar tripa, saracura do banhado, gordo baleia, cabelo de Bombril e tantos outros! E daí? Ninguém se matou ou deixou de estudar e vencer por causa disso! As terminologias, patrulhas e congêneres só pioram tudo! E as crianças de hoje são bem mais medrosas e inseguras.
                        Preconceito racial sim, este existia. Pelo menos no sul do país, zona de grande imigração europeia. Nenhuma crueldade explícita, como pessoas querendo bater ou exterminar os negros, no entanto, um preconceito muito mal disfarçado e igualmente cruel, quando os clubes sociais impediam que os negros frequentassem seus bailes, ou até algumas famílias proibissem seus filhos de ter amigos “de cor”. O ranço da escravatura permanece em muita gente que, a boca pequena, usa adjetivos pejorativos quando se refere aos negros e as cotas raciais só vieram piorar o preconceito.
                       Em “nosso tempo” as diferenças já existiam, no entanto, bandeiras não eram levantadas e as pessoas encontravam um meio de conviver sem discriminar ninguém. Tudo passa pela noção de privacidade, cada vez mais extinta, onde as pessoas se expõem até mesmo sem roupa, em poses eróticas para seus amigos e depois vão à justiça reclamar que suas fotos e vídeos se espalharam.
                      A ninguém deveria interessar a intimidade do outro, mesmo dos famosos. Geralmente, as pessoas que mais se preocupam em saber das alcovas alheias são aquelas que não possuem nada de significativo na sua.
                     Viver e deixar viver, sem agredir nem esfregar na cara dos outros seus porões, deveria ser uma boa medida de convivência.
                    Concordam?!




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