quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O PRAZER DE LER




                   A rejeição, ou dificuldade de ler determinado livro nem sempre é questão de despreparo, ou ignorância.
                   O verdadeiro “prazer da leitura” é tarefa para iniciados e tem um valor inestimável! Por ele passa, ao lado de muitas e variadas leituras, o gosto pessoal.
                  Terminei, com bastante esforço e empenho, a releitura de “Cem anos de solidão”, que consagrou e enriqueceu Gabriel García Marquez, mas que, a meu ver (perdoem se blasfemo, meu 6.1 me autoriza) poderia ter sido escrito em cento e poucas páginas, ao invés das 447, sem grandes perdas.
                   No livro é descrita a saga de várias gerações, sendo que em todas as gerações encontramos um mesmo nome - Aureliano – e lá pelas tantas já não sabemos se o texto se refere ao pai, ao filho, ao avô ou ao sobrinho, o que, na verdade, não muda em quase nada o enredo.
                   Vou copiar uma citação para você ter uma ideia melhor:
                   “Talvez ninguém falasse de outra coisa durante muito tempo, se o bárbaro extermínio dos Aurelianos não tivesse substituído o assombro pelo espanto. Embora nunca tenha identificado como presságio, o coronel Aureliano Buendía havia previsto, de certo modo, o final trágico de seus filhos. Quando Aureliano Serrador e Aureliano Arcaya, os dois que chegaram no tumulto, manifestaram a vontade de ficar em Macondo, seu pai tratou de dissuadi-los. Não entendia o queriam fazer numa aldeia que da noite para o dia havia se transformado num lugar de perigo. Mas Aureliano Centeno e Aureliano Triste, apoiados por Aureliano Segundo, deram a eles emprego em seus empreendimentos.” (p. 275)
                      São 447 páginas com menos de meia dúzia de pausas (não capítulos) para a gente respirar, sendo que há, no máximo, dois parágrafos por página, o que torna a leitura mais cansativa e difícil de ser interrompida.
                    Com certeza tem passagens geniais, se assim não fosse, não teria alcançado o sucesso que detém até hoje.
                   Ninguém é feliz na historia e nada acaba bem para nenhum dos tantos personagens. Parece que a premissa de que finais felizes só criam historias bobas, de uma literatura de segundo escalão, continua valendo.
                   Além das dificuldades citadas, o vocabulário rebuscado às vezes nos obriga a correr ao dicionário (o que não deixa de ser um bom exercício). Alguns exemplos: amêijoas; retrete; clavicórdio; daguerreótipo; quenopódio; pessário; suspicazes; pulcritude.
                   Então, vai encarar?!






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