domingo, 28 de setembro de 2014

ALMOÇO DE DOMINGO



“A receita da felicidade talvez seja a da macarronada com galinha ensopada e maionese da minha mãe. Acho a tradução mais próxima disso.”
RODRIGO HILBERT

                   Além de ator e modelo, Rodrigo é cozinheiro, talvez por isso alie a tal felicidade ao cardápio da sua mãe, da sua casa, do lugar onde viveu momentos felizes.
                   Mantenho um hábito, hoje quase extinto, de reunir a família nos almoços dominicais.  Dá trabalho, porque as pessoas não colaboram muito e poucos consideram a cozinha um lugar aprazível. Eu me sinto muito bem entre temperos, cheiro de alho e cebola fritando, pratos elaborados e enfeitados, o cálice de vinho tinto temperando a cozinheira, enfim, gosto de cozinhar. Por isso cozinho bem, sem falsa modéstia. O gosto é fundamental!
                   Minha família sempre deu importância a esses almoços de domingo, depois da Missa e antes do matiné, ainda que fossem preparados pela cozinheira, sob a orientação da minha avó. Nunca comi nada preparado pela minha mãe, pois ela não harmonizava muito com as panelas.
                   O almoço de domingo requer uma boa dose de afeto, de vontade de se encontrar, de se rever, de amenizar saudades. A finalidade maior é a confraternização, estreitar os laços de parentesco, compensar a correria do dia-a-dia, ficar a par da vida e dos planos dos parentes mais próximos. É o momento de se falar amenidades, de exercitar a tolerância, de multiplicar carinhos, elogios, palavras doces, recheadas de paciência e compreensão. Esses são os ingredientes essenciais para um almoço dominical.
                   É importante que se tenha em mente que almoço em família é diferente de almoço em restaurante. Ligar para saber o cardápio e, dependendo da resposta confirmar presença, é inadmissível! Se o objetivo é comer tal coisa, o melhor é procurar um restaurante especializado, pagar caro pelo prato e sair assim que termina, com apenas o estômago satisfeito.
                  Entre minhas receitas culinárias não encontrei uma ”receita de almoços em família”, no entanto, penso que conheço os ingredientes fundamentais que, misturados com bastante amor, devem dar um bom resultado.
                 Nada de competitividade entre irmãos, cunhados, sobrinhos – isso só serve para o mercado de trabalho. Em família, todos devem ser iguais, com o mesmo peso em todos os requisitos.
                As crianças devem ser estimuladas a se entenderem, sem rivalidades ou comparações. Num mundo de filhos únicos, ter primos é muito importante!
                Os assuntos devem ser leves, a pimenta só realça o sabor da comida, nunca da conversa!
                Roupa suja a gente lava em casa, de preferência na lavadora e ficar remoendo mágoas antigas não trará beneficio a ninguém.
                Os idosos devem ser ouvidos, respeitados, paparicados, uma vez que são o baluarte das famílias e sempre têm coisas a ensinar, além de se constituírem num testemunho vivo de tempos idos.
               Saborear a comida, comentar, elogiar, contar fatos agradáveis, conquistas, planos, tudo isso funciona como excelente digestivo e prepara o espírito para enfrentar a semana seguinte com a certeza de que não está sozinho no mundo e sempre terá uma família para apoiá-lo e defendê-lo sempre que necessário.
               Um bom almoço de domingo a todos!




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