Toda mudança de fase da vida é acompanhada de incertezas,
oscilações de humor, medos, desconfianças e alguns arrependimentos.
Na “envelhescência” isso tudo adquire um caráter ainda mais marcante
e não são poucos os paliativos utilizados para nos enganar. Ou tentar, pelo
menos.
Nascemos sem querer e morremos em data e condições
desconhecidas. Esse início e fim de vida já deixam bem claro o pouco ou nenhum
domínio que temos sobre a existência, tudo independe de nós, ou acontece
indiferentemente à nossa vontade.
Entre os dois pontos da vida cada um faz o que pode, o que
consegue e, às vezes, o que quer.
Muitos se anestesiam num ritmo frenético de trabalho que lhe
rende mil coisas, menos felicidade.
Outros se entregam à letargia, à tristeza, ao “não vale a
pena” e passam pelo mundo sem deixar marca nenhuma.
A gente foge dos pensamentos tristes, da efemeridade de cada
ser que amamos e aos quais dedicamos a nossa melhor parte.
A vida precisa ser mais vivida que pensada, para se tornar
suportável. E os serviços domésticos, braçais, que exigem algum esforço físico
são um oásis de calmaria para a nossa cabeça pensante.
Não sei se suportaríamos envelhecer apenas refletindo a
vida. Penso que seria cruel demais...
Por isso, há que se trabalhar, que se dedicar a projetos ou
a pessoas, ocupando o corpo para aliviar a mente e, assim, ter uma
envelhescência menos sofrida.
Mesmo vivendo de ler, pensar e escrever, sou adepta de tudo
que distraia nossos pensamentos, desde conversar com crianças, assistir
programas leves na TV, até organizar a casa.
Não dá para viver só pensando, não dá mesmo! É muito
perigoso chegar a um ponto onde tudo e nada se explica e nos vemos sozinhos,
perdidos , assistindo os castelos ruírem, as ilusões se perderem, as razões
evaporarem.
E as tantas dietas? E as economias? E os adiamentos? E a
saudade? E o “um dia”?
Tudo passa rápido demais.
O bom e o belo
diminuem dia a dia e o mau e o feio aumentam na mesma velocidade.
Será que valeu a pena? Os sacrifícios não foram poucos. E a
recompensa? Virá? Já veio? Passou?
Essas mãos... ainda ontem eram os velhos da família que as
possuíam, assim, com essa pele marcada pelo tempo. Hoje sou eu.
Os cabelos, o rosto, o corpo, tudo mudou tão rápido que nem
percebi.
Daqui a pouco serei velha.
Hoje envelheço.
Queira ou não.
Um comentário:
É isso mesmo, com maior ou menor serenidade, de parede com o inevitável! Sinto dentro de mim a juventude que teima em não me deixar, o que faço então?!
esse texto abaixo é a tradução enviesada desse sentimento!
http://gilzinhatotalalone.blogspot.com.br/2014/08/estou-com-medo-soasvezes-quero-ser.html
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