sexta-feira, 23 de maio de 2014

ACUMULADORES




                                 Acumular é mais do que juntar, mais do que guardar, é compensar alguma grande carência.
                                Sem falar nos casos patológicos, existe muita gente “normal” acumulando coisas pela vida. Objetos, sentimentos, mágoas, desafetos, tudo bem resguardado, inviolável, amargurando a vida, e se constituindo num fardo pesado para arrastar.
                                Como em quase tudo, há casos e casos. Encontramos gente que guarda uma grande quantidade de coisas, mas tudo organizado, conservado, catalogado, quase um tesouro. Outros só não se desfazem dos objetos para não ter o trabalho de selecionar, então vão enchendo armários e gavetas com tudo o que imaginam que um dia possam precisar.
                               Existem pessoas que não conseguem doar nada seu, como se naquele sapato, bolsa ou roupa velha estivesse um pedaço da sua vida que outra pessoa vai se apropriar. Isso começa na infância, com crianças que jamais são incentivadas a doar seus brinquedos em desuso e desconhecem a sensação gostosa de ver a alegria que uma boneca jogada num canto pode causar a outra menina que não tinha nada para embalar nos braços, ou a bicicleta velha enchendo espaço para um menino que nunca possuiu uma.
                               Há os que acumulam mágoas, ressentimentos, sempre à espera de uma oportunidade para “dar o troco”, azedando a própria vida, destruindo momentos importantes, perdendo a chance de se sentir mais leve e mais feliz.
                               Na verdade, precisamos de bem pouco para viver. Muitas pessoas compensam frustrações adquirindo bens materiais, exibindo aquisições muitas vezes desnecessárias, coisas que sempre quiseram ter e não tiveram, mas que agora não fazem o menor sentido.
                             Crianças, então, ligam quase nada para armários e gavetas repletos de roupas e sapatos que pouco lhes interessam. Ainda os brinquedos fazem mais sentido para elas, mas só se tiver alguém para brincar junto, para contar histórias, para compartilhar a infância. E muitos pais continuam querendo “comprar” os filhos com presentes, numa tentativa de vê-los envolvidos com os brinquedos novos, sem reclamar a sua companhia. Geralmente, essas crianças perdem o interesse pelo presente já no dia seguinte.
                             Feliz de quem já descobriu a sensação de leveza ao esvaziar sua casa dos excedentes, dos supérfluos e poder organizar seus pertences de modo a curtir melhor o que realmente importa, sem aquela montanha de excessos enfiados por toda a parte.
                             Com a chegada do inverno, cabe uma boa seleção nos armários a fim de aquecer outras pessoas que padecem sem agasalho. Sua casa ficará muito mais aconchegante sem tanto entulho e você sentirá a sensação benfazeja de ter ajudado alguém e a si próprio. Só não vale usar como pretexto para comprar tudo de novo!
                            A equação é simples, é batida: o importante, o essencial é SER e não TER!
                           Ninguém mede o outro pelo que ele tem e, sim, pelo que ele é. Pelo menos as pessoas razoáveis fazem isso. E as outras não interessam.
                          Chega de acumular!
                          Desapegue!






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