Os
bebês, quanto mais desejados e amados, já nascem no meio de uma disputa
familiar.
Cada família puxando as semelhanças para o seu lado, como se a aparência externa
fosse determinar o caráter e o afeto da criança dali em diante.
Avós, tios, primos cada um gritando seu amor e manifestando a "posse"
(ilusória) sobre aquele serzinho que não deseja nada disso. Só quer ser amado,
viver em paz, comer e dormir de preferência junto às pessoas que realmente
importam para ele - seus pais.
Muito mais significativo do que a cor dos olhos, por exemplo, é o talento, a
aptidão que a criança vai herdar de algum familiar. Melhor do que a textura do
cabelo será a suavidade do temperamento e a inteligência, herdada e adquirida
com a correta estimulação, valem infinitamente mais do que o tipo físico, as
orelhas ou o desenho dos pés.
Para criar um bebê são necessários dois - um homem e uma mulher. E desse casal
vai depender o futuro dessa criança. Ninguém será mais importante para ela e
mais decisivo na sua formação do que seu pai e sua mãe. A não ser em casos
patológicos, ou de abandono, o pai e a mãe serão sempre o centro do universo
para qualquer filho. E os demais parentes vão gravitar numa órbita secundária,
ainda que gritem e reclamem alguma supremacia na pirâmide familiar.
Sempre tive muito claro que os filhos são nossos e os netos são filhos dos
filhos, oriundos também de outro clã familiar. Mesmo ajudando a criá-los,
estando mais presente até do que os próprios pais na rotina diária deles,
procurei manter a dimensão exata da minha contribuição e do real valor e
necessidade que as crianças têm da presença e da companhia do pai e da mãe pela
vida afora.
Por isso, adoro cantar para os meus netinhos, embalando-os na cadeira de
balanço:
"Silêncio! ele está dormindo
vejam como é
lindo
é Sua Majestade - o nenén!
Parece com papai,
com a mamãe também,
parece com a vovó,
não, não parece com ninguém!
Ele, é ele só: Sua Majestade - o nenén!
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