sábado, 8 de junho de 2013

SEM RÓTULOS, POR FAVOR!




        Que mania as pessoas têm de, mal conhecerem alguém e já lhe afixarem um rótulo qualquer!

       Desconhecem o pensamento, os hábitos ou as atitudes da criatura e já vão logo se referindo a ela como a careta, a genial, a certinha, a gorda, a magra, a politicamente correta, a complicada, a simpática, a isso ou aquilo.

       Rotular é imobilizar, impedir qualquer possibilidade de transformação, uma lagarta que nunca será pupa e muito menos borboleta.

       Os pais, sem se dar conta, cometem amiúde esse pecado, colocando enormes rótulos nos filhos; assim, Fulano é organizado, Beltrano bagunceiro, Sicrano estudioso e quantos filhos tiverem, quantos rótulos criarão.

        Os leitores, vez por outra, são inclinados a taxar a literatura e, consequentemente, seus autores, com rótulos onde eles não cabem, espalhando assim uma falsa crítica, que pode até se adequar a uma ou outra obra, mas não abarca a produção toda.

        Há casos ainda mais contundentes de gente rotulada apenas por sua aparência, correndo-se o risco de confundir timidez com antipatia, alegria com leviandade, sisudez com inteligência.

        A aparência externa das pessoas suscita uma gama extensa de rótulos que, quase sempre, se transformam em apelidos, na mais das vezes pejorativos, difíceis de carregar pela vida. O moderno e prejudicial bullying tem sua origem nos rótulos atribuídos às pessoas por outras pouco sensatas.

        Não gosto que me rotulem, não aspiro a consagrações que me enfaixem, dificultando meus vôos. Sou filha de aviador, preciso de ar, liberdade e espaço para criar e viver.

         Prefiro continuar camaleoa, adaptando-me às circunstâncias e às pessoas, circulando livremente em vários mundos, porque é disso que nasce a verdadeira escritura.

         Como já disse – e bem! – Raul Seixas: “eu prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter aquele velha opinião formada sobre tudo!”






Um comentário:

Francisco Carlos D'Andrea (francari) disse...

Corrige o "bullying"; no mais, perfeito. Como sempre, aliás!