Que mania as pessoas têm de, mal conhecerem alguém e já lhe
afixarem um rótulo qualquer!
Desconhecem o pensamento, os hábitos ou as atitudes da
criatura e já vão logo se referindo a ela como a careta, a genial, a certinha,
a gorda, a magra, a politicamente correta, a complicada, a simpática, a isso ou
aquilo.
Rotular é imobilizar, impedir qualquer possibilidade de transformação,
uma lagarta que nunca será pupa e muito menos borboleta.
Os pais, sem se dar conta, cometem amiúde esse pecado, colocando
enormes rótulos nos filhos; assim, Fulano é organizado, Beltrano bagunceiro,
Sicrano estudioso e quantos filhos tiverem, quantos rótulos criarão.
Os leitores, vez por outra, são inclinados a taxar a
literatura e, consequentemente, seus autores, com rótulos onde eles não cabem, espalhando
assim uma falsa crítica, que pode até se adequar a uma ou outra obra, mas não
abarca a produção toda.
Há casos ainda mais contundentes de gente rotulada apenas
por sua aparência, correndo-se o risco de confundir timidez com antipatia, alegria
com leviandade, sisudez com inteligência.
A aparência externa das pessoas suscita uma gama extensa de
rótulos que, quase sempre, se transformam em apelidos, na mais das vezes
pejorativos, difíceis de carregar pela vida. O moderno e prejudicial bullying tem sua origem nos rótulos
atribuídos às pessoas por outras pouco sensatas.
Não gosto que me rotulem, não aspiro a consagrações que me enfaixem,
dificultando meus vôos. Sou filha de aviador, preciso de ar, liberdade e espaço
para criar e viver.
Prefiro continuar camaleoa, adaptando-me às circunstâncias e
às pessoas, circulando livremente em vários mundos, porque é disso que nasce a
verdadeira escritura.
Como já disse – e bem! – Raul Seixas: “eu prefiro ser esta
metamorfose ambulante do que ter aquele velha opinião formada sobre tudo!”
Um comentário:
Corrige o "bullying"; no mais, perfeito. Como sempre, aliás!
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