O amor como tônica da vida é combustível oscilante, embriaga e maltrata
no depois. Sem ele, o deserto torna-se insuportável. Medidas de amor deveriam
ser vendidas em praça pública, para que nunca errássemos na dose. Morreu por
amor, de desamor, de mal de amor... morreu... o amor. E daí?
O amor é o tempero da vida, não resta dúvida! Sem ele, é
como passar pela existência numa dieta sem sal. Para ele, não usamos colher-medida
e quanto mais melhor! Será?
Antes de ingressar numa reflexão ideológica, filosófica,
existencial e num papo de bicho-grilo, me deixa relatar a cena que assisti e
que motivou este texto.
Hoje de manhã, no estacionamento do Shopping do bairro, que
fica em frente a um colégio estadual, presenciei uma cena dantesca, que ficaria
linda num palco e um pouco assustadora ao vivo.
Um casal de jovens de uns dezesseis anos, por aí. Ela baixa,
loira, de longos cabelos, bonita. Ele alto, corpulento, bonito também. Ela corria
e ele a alcançava e a segurava pelo braço; ela gritava, dava um safanão e tornava
a correr. O segurança já estava de olho, alguns passantes também e eu
estacionei o carro e fiquei acompanhando a cena.
Ele chorava copiosamente, estava coberto de lágrimas e ela
furiosa, indiferente aos apelos daquele Romeu do século XXI. De repente, ele se
ajoelhou, o rapagão andava de joelhos atrás da pequena birrenta e ela não se
deixava impressionar. Imaginei um dos meus filhos protagonizando aquela cena e
o que eu faria. Penso que o tiraria de lá aos safanões, dizendo que ele fosse
estudar, se dar valor e que iguais aquela ele acharia muitas outras.
A nova mulher pegou o homem despreparado para lidar com ela
e cenas como essa estão proliferando nas escolas, nas baladas, nas praças.
A força de um amor adolescente é vizinha da tragédia. Se não
houver uma orientação segura por parte da família, dos professores e das pessoas
a quem cabe a missão de orientá-los, muitas situações de risco rondarão casais
excessivamente apaixonados, ou excessivamente possessivos e descontrolados.
Se não fizerem nenhuma besteira maior, um dia esses
pombinhos ainda vão rir das cenas que protagonizaram. Mas hoje são reféns de
uma paixão descontrolada, que certamente os impede de estudar e de pensar em outra
coisa que não seja o ser amado.
É triste, é preocupante, mas é lindo! Pobre de quem passa
pela vida sem sentir, uma vez que seja, um amor assim!
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