quarta-feira, 5 de junho de 2013

O DESTEMPERO DO AMOR



O amor como tônica da vida é combustível oscilante, embriaga e maltrata no depois. Sem ele, o deserto torna-se insuportável. Medidas de amor deveriam ser vendidas em praça pública, para que nunca errássemos na dose. Morreu por amor, de desamor, de mal de amor... morreu... o amor. E daí?


        O amor é o tempero da vida, não resta dúvida! Sem ele, é como passar pela existência numa dieta sem sal. Para ele, não usamos colher-medida e quanto mais melhor! Será?

        Antes de ingressar numa reflexão ideológica, filosófica, existencial e num papo de bicho-grilo, me deixa relatar a cena que assisti e que motivou este texto.

        Hoje de manhã, no estacionamento do Shopping do bairro, que fica em frente a um colégio estadual, presenciei uma cena dantesca, que ficaria linda num palco e um pouco assustadora ao vivo.

        Um casal de jovens de uns dezesseis anos, por aí. Ela baixa, loira, de longos cabelos, bonita. Ele alto, corpulento, bonito também. Ela corria e ele a alcançava e a segurava pelo braço; ela gritava, dava um safanão e tornava a correr. O segurança já estava de olho, alguns passantes também e eu estacionei o carro e fiquei acompanhando a cena.

        Ele chorava copiosamente, estava coberto de lágrimas e ela furiosa, indiferente aos apelos daquele Romeu do século XXI. De repente, ele se ajoelhou, o rapagão andava de joelhos atrás da pequena birrenta e ela não se deixava impressionar. Imaginei um dos meus filhos protagonizando aquela cena e o que eu faria. Penso que o tiraria de lá aos safanões, dizendo que ele fosse estudar, se dar valor e que iguais aquela ele acharia muitas outras.

        A nova mulher pegou o homem despreparado para lidar com ela e cenas como essa estão proliferando nas escolas, nas baladas, nas praças.

        A força de um amor adolescente é vizinha da tragédia. Se não houver uma orientação segura por parte da família, dos professores e das pessoas a quem cabe a missão de orientá-los, muitas situações de risco rondarão casais excessivamente apaixonados, ou excessivamente possessivos e descontrolados.

        Se não fizerem nenhuma besteira maior, um dia esses pombinhos ainda vão rir das cenas que protagonizaram. Mas hoje são reféns de uma paixão descontrolada, que certamente os impede de estudar e de pensar em outra coisa que não seja o ser amado.

        É triste, é preocupante, mas é lindo! Pobre de quem passa pela vida sem sentir, uma vez que seja, um amor assim!




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