terça-feira, 2 de abril de 2013

COLEGAS DE TRABALHO



              Quem me acompanha há mais tempo sabe dos meus dissabores com a construção de um prédio ao lado das janelas dos quartos do meu apartamento.
               No início havia a casa de uma simpática velhinha, com sua horta, suas galinhas, seu silêncio de velha.
               Depois que os filhos fizeram-na vender a casa e a mesma foi demolida, o terreno ao lado se transformou num playground para pássaros, de todos os tipos e cores, que nos garantiam o mais mavioso despertar todas as manhãs.
                Como tudo que é bom costuma durar pouco, dessa vez não foi exceção. O terreno foi vendido a uma construtora que fabricou um espigão de nove andares praticamente dentro da casa da gente.
                 Hoje nem vou me referir à serra elétrica, ao cheiro forte de madeira, às vidraças salpicadas de concreto e à barulheira e sujeira comuns nestes lugares. É tempo perdido.
                 Bom seria mudar para outro lugar melhor, de melhor vista e melhores ares, mas minha mãe mora no mesmo prédio, minha netinha e seus pais também, então o jeito é aguentar.
                Numa segunda-feira em que fui mais uma vez despertada com os peões chegando na obra, já aos gritos, risadas e cantorias antes das 7h, colocando o assunto em dia, contando das bailantas, recapitulando cada gol do final de semana, senti saudade das minhas  chegadas na escola, do reencontro com os colegas, do cafezinho para espantar o sono, do bom-dia com cheiro de sabonete e pasta de dentes, das novidades, dos comentários dos jornais, dos elogios (sempre tem um mais gentil), enfim, dos colegas de trabalho.
               Também sinto saudades das aulas de português, principalmente dos desafios da análise sintática, dos alunos do Terceirão, dos seminários de literatura.
               Trabalhar é bom, é vida, é sentido para ela!
               Não fosse meu compromisso com a Bruna e com a minha mãe, que me faz continuar a ter horários rígidos, faça sol ou chuva, penso que me sentiria mais perdida e vazia ainda.
               É bom ter hora para acordar, tomar banho, escolher uma roupa bacana e sair de casa, mudar de ambiente, conversar com outras pessoas, sentir que somos úteis.
               Saudade dos meus colegas, que foram, sem exceção, uma segunda família para mim!


              

2 comentários:

Edson disse...

Que pena, não apareci nessa!...

Maria Luiza Vargas Ramos disse...

Era a turma da manhã Lobinho!