Escrevo
porque respiro e transpiro pelas palavras. Escrevo para não sufocar, para
sublimar, para entender o que se passa na minha cabeça. Escrevo para preservar
minha sanidade quando o mundo me atropela. Escrevo porque, sem as palavras,
sinto-me apenas sobrevivendo. Ou sobremorrendo. Escrevo desde o dia em que me
ensinaram a segurar o lápis. Quilômetros de papéis escritos e, depois, de
palavras datilografadas na minha Olivetti, até que cheguei aos arquivos do
Word. Sempre tive diários; guardo a maioria deles para rechear os personagens
do romance que ainda escreverei. Escrevo para quem gosta de ler. Para quem
gosta de me ler. Para quem aprecia as narrativas curtas sobre assuntos em
pauta, ao estilo das crônicas dos jornais. Escrevo também para quem prefere ler
a escrever e não tem intimidade com a redação.
Há quatro anos, mais ou menos,
fui apresentada aos "diários virtuais", os tais blogs. Assim, continuo
nadando nas águas das palavras, mais ou menos inspirada, com muito ou pouco
tempo, com relativa assiduidade. Os textos, no
início do blog, eram bem mais longos. Até que percebi que as pessoas não tinham
tempo ou paciência para ler histórias que poderiam ser contadas em poucas
palavras. E sintetizei. A idéia de transformar em livro veio da aceitação dos
leitores e dos pedidos de textos antigos, complicados de encontrar no blog,
além do risco sempre iminente de desaparecer tudo neste mundo virtual.
Um
livro é quase como um filho. A gente sonha, idealiza, constrói, gesta e coloca
no mundo.
O
que se pretende ao publicar um livro? Eternidade? Realização?
Penso que o livro nasce porque já não cabe nos escaninhos da vida da gente e
quer respirar, quer ter vida própria, quer passear, ser lido, discutido, elogiado,
criticado, debatido, ou simplesmente colocado em lugares outros que não num
arquivo do computador.
Ao
relê-lo, muitas vezes nos surpreendemos com textos que saíram da nossa cabeça e
ganharam autonomia, estranhamento, identidade.
Quando finalmente colocamos o "ok" e enviamos para a editora sobra um
vazio, assim como se a alma tivesse sido espremida e esvaziada e nossos
segredos devassados e oferecidos à execração pública. Nesse momento o
livro deixa de nos pertencer.
Eternizados,
nossos textos passam de opiniões a verdades absolutas e teremos que responder
por eles. O que nasceu, muitas vezes de um momento de inspiração ou desabafo,
passa a ter um peso muito maior, porque descontextualizado e atemporal.
A escolha das crônicas é crucial. Colocamos no livro aquelas que nos falam mais
de perto e deixamos de lado as muito polêmicas, muito pessoais ou que abordam
assuntos de menor interesse. Será uma escolha sábia? Sempre sobrarão
arrependimentos, isso em qualquer coisa que se faça na vida. Aqui não será
diferente.
Quarenta
anos de jornal originaram meu livro "GAZETEANDO". Quatro anos de blog
darão vida ao "SIMPLESMENTE MARIA". Ele quer nascer! Até mesmo
para dar chance ao primeiro livro de contos e ao romance, que já foram adiados
demais.
Já
comentei muito as histórias que acontecem no dia a dia. Este é o papel do
cronista.
Agora,
já me sinto madura para criar minhas próprias histórias.
E
vocês, que me lêem, são o alvo de todo esse processo de criação.
Vamos juntos!
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