Palavrinha já
gasta de tão repetida num comercial de TV. Mas, para alguns, difícil de
realizar.
Desapegar das
pessoas é muito mais difícil; no entanto, de coisas materiais deveria ser mais
fácil.
Conheço pessoas
(e quem não conhece?) incapazes de se desfazer de um sapato velho, uma bolsa
mofada, um brinquedo quebrado, nada que seja “seu”. Dizem que é doença, eu já
penso em egoísmo mesmo e falta de visão de mundo e de vida.
Meus maiores
tesouros materiais são meus livros. Todos escolhidos com cuidado, lidos com
atenção e tratados com respeito. Empresto muito, às vezes não devolvem,
consola-me o fato de que tenham sido lidos, manuseados, compartilhados.
De vez em
quando, a estante começa a reclamar do peso e da falta de espaço para estampar
os sorrisos dos netinhos. Então já sei que é hora de desapegar.
Hoje pela manhã
dediquei-me a isso. Sobe e desce de escadas, seleção, caixas separadas por
assunto, área e destino. Agora vem outra parte trabalhosa. Mesmo que a gente
doe, ninguém manda buscar os livros em casa. Temos de levar, entregar e, de vez
em quando, receber um sorriso e um agradecimento.
O Brasil tem
uma taxa baixíssima de leitores. E são raros os escritores que sobrevivem de
seus livros. Poucos deixam de comprar um CD ou uma caixa de chocolates para
comprar um livro. E, quando compram, não lêem!
Na Europa, dá
gosto ver os parques, praças, metrôs, tudo repleto de pessoas lendo, mal
acomodadas, no sol mesmo, de pé no transporte e sempre lendo. Muitas livrarias,
muitos títulos espalhando cultura e aventura por todo lado.
Aqui,
infelizmente, é muito diferente. A maioria das pessoas só possui livros
“presenteados” e, ainda assim, poucos abrem para ler.
Pois hoje
separei quatro caixas de livros e daqui a pouco iniciarei a distribuição deles.
São pesados, difíceis de carregar, no entanto, estão dormindo na estante desde
que terminei de lê-los e agora, com outros donos, vão voltar a respirar. A
Biblioteca do bairro também receberá títulos novos e quem sabe alguma pessoa se
sentirá atraída por eles e aprenderá a apreciá-los?
Vamos exercitar
o desapego! O Dia da Criança está próximo, ótima ocasião para separar
brinquedos em bom estado e fazer uma criança sorrir.
Vamos lá! Não
dói nada e a sensação de plenitude é bem maior do que quando tínhamos aquele
excesso de coisas ao nosso redor.
Minha estante
que o diga!
Um comentário:
Tenho doado muitos livros para a biblioteca do colégio onde trabalhei por mais de 26 anos. Será que é o melhor local? Os alunos cada vez leem menos. Talvez aquelas estantes colocadas pela prefeitura no terminal urbano atraiam mais leitores. Elizabete
Postar um comentário