Por mais
atribulada que esteja a minha vida, eu me recuso a ignorar a natureza! É ela
que me faz refletir sobre as coisas realmente importantes da nossa caminhada
neste mundo.
Tentando
aceitar o que não pode ser mudado e me conformar com os desmandos e a
roubalheira na política, com a violência e o medo crescendo assustadoramente, com
os insensatos no trânsito e com a bandidagem desde a infância, eis que ergo os
olhos e me deparo com os ipês amarelos florescendo! Sinal de que o tempo vai
esquentar, que não haverá mais geada e que as ruas de Curitiba ficarão ainda
mais lindas, pois são recheadas desta árvore.
Aqui na
minha rua também existem dois pezinhos, nem tão copados, jovens ainda, mas que
já alegram a paisagem por onde temos que passar.
No meio da
quadra há um terreno abandonado, à venda (certamente para construírem outro
espigão), com o mato crescendo desordenado em torno das ruínas da casinha e a
mais linda azaléia que já encontrei! Sem nenhum cuidado, ela floresce compacta,
redonda, soberana, no meio do desalento de uma história triste, onde o homem sacrificava
ao máximo a mulher, com suas exigências e sua loucura e, ao morrer, a rua toda
respirou aliviada pelo destino daquela pobrezinha; agora ela poderia ver suas
novelas, conversar com as vizinhas, mostrar suas flores, sem os gritos
impertinentes do brutamontes. Pois bem pouco tempo depois, uma simples gripe
(nem era essa de agora) levou-a ao hospital, transformou-se em pneumonia e a
matou. Dizem que ele veio buscá-la, não sei, só sei que a azaléia que a
orgulhava tanto resiste até ao descaso dos filhos, que nem aparecem no lugar
onde sua pobre mãe morava.
É, a
Primavera se anuncia da forma mais bonita e peculiar - ofertando suas mais
belas flores ao olhar de quem sabe admirá-las, sem cobrar nada por isso.
Repare nos
ipês! Estão ficando lindos!
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