quarta-feira, 22 de agosto de 2012

IPÊS FLORESCIDOS



Por mais atribulada que esteja a minha vida, eu me recuso a ignorar a natureza! É ela que me faz refletir sobre as coisas realmente importantes da nossa caminhada neste mundo.
Tentando aceitar o que não pode ser mudado e me conformar com os desmandos e a roubalheira na política, com a violência e o medo crescendo assustadoramente, com os insensatos no trânsito e com a bandidagem desde a infância, eis que ergo os olhos e me deparo com os ipês amarelos florescendo! Sinal de que o tempo vai esquentar, que não haverá mais geada e que as ruas de Curitiba ficarão ainda mais lindas, pois são recheadas desta árvore.
Aqui na minha rua também existem dois pezinhos, nem tão copados, jovens ainda, mas que já alegram a paisagem por onde temos que passar.
No meio da quadra há um terreno abandonado, à venda (certamente para construírem outro espigão), com o mato crescendo desordenado em torno das ruínas da casinha e a mais linda azaléia que já encontrei! Sem nenhum cuidado, ela floresce compacta, redonda, soberana, no meio do desalento de uma história triste, onde o homem sacrificava ao máximo a mulher, com suas exigências e sua loucura e, ao morrer, a rua toda respirou aliviada pelo destino daquela pobrezinha; agora ela poderia ver suas novelas, conversar com as vizinhas, mostrar suas flores, sem os gritos impertinentes do brutamontes. Pois bem pouco tempo depois, uma simples gripe (nem era essa de agora) levou-a ao hospital, transformou-se em pneumonia e a matou. Dizem que ele veio buscá-la, não sei, só sei que a azaléia que a orgulhava tanto resiste até ao descaso dos filhos, que nem aparecem no lugar onde sua pobre mãe morava.
É, a Primavera se anuncia da forma mais bonita e peculiar - ofertando suas mais belas flores ao olhar de quem sabe admirá-las, sem cobrar nada por isso.
Repare nos ipês! Estão ficando lindos!



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