quarta-feira, 9 de maio de 2012

SAÚDE É O QUE INTERESSA



Parece um jargão popular bobo, mas não é.
Aliás, a saúde não nos causa maiores cuidados, entretanto a falta dela sim.
Quando estamos saudáveis, dizemos que estamos "normais", como se a condição de ausência de doenças fora a esperada. Felizmente, para muitas pessoas é isso mesmo que acontece. Se derem sorte, se tiverem uma herança genética favorável e não maltratarem o corpo com vícios, comida e bebida em demasia, essas pessoas passam pela vida sem muitas mazelas.
Outras peregrinam nos consultórios médicos desde tenra idade e se arrastam pela vida à custa de remédios e sacrifícios.
Entre um e outro caso se encontra a maior parte da humanidade, sem doenças crônicas ou grandes limitações, todavia acometida, vez por outra, de alguma virose, doenças "da moda", problemas curáveis com juízo e remédios.
Como exigir de um ser humano doente, com dores, reações idênticas às dos demais?
Isso que nem estou me reportando às doenças mentais - dolorosíssimas - para o doente e seus familiares.
Uma enxaqueca, cólica menstrual ou intestinal, canal de dente comprometido, crise de sinusite, passagem de cálculo renal, dor ciática, conjuntivite, qualquer uma dessas tira um cristão de combate e não há como ser leitor, escritor, interlocutor. Sem falar nas doenças realmente graves e dolorosas.
Meu grupo de viagem à Europa perdeu, de repente, um grande participante. Um cara cheio de vida e de talentos, que sumiu da internet e do contato da gente assim, sem mais nem menos, sem sequer ter tido tempo de se despedir. E eu, aos 56 anos, tive um choque de finitude. Tardio, é claro. Sabe, se o Gil partiu assim, cheio de planos, será que estou fazendo da minha vida o que deve ser feito, ou, como sempre, estou adiando, como se meu tempo fosse ilimitado?
Ainda bem que parei de fumar. Preciso consertar outras coisinhas para tentar me manter saudável e poder continuar aqui, desacomodando vocês.
Como diz nosso mestre Quintana:
"(...)Dancemos todos, dancemos.
Amadas, mortos, amigos,
dancemos todos até
não mais saber o motivo...
Até que as paineiras tenham
por sobre os muros florido!"

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