quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO!



Não é fácil. É difícil amar o próximo, principalmente alguns “próximos” e também é difícil nos amar.
Os livros de auto ajuda pregam muito esse amor próprio, como base fundamental para o amor pelos outros e para nossa realização pessoal.
Há um dito popular que complica ainda mais essa relação, mas demonstra a dificuldade que às vezes temos: “eu me amo, mas não sou correspondido!”
Parece piada, no entanto, nem sempre conseguimos nos amar como deveríamos ou gostaríamos.
Sempre gostei do meu intelecto, da facilidade que tinha para aprender as coisas na escola, decorar as poesias, as datas, os nomes, enfim, com essa parte nunca briguei.
Com a minha cabeça e a imensidão de coisas que cabem dentro dela, comecei a brigar na adolescência, porque nem eu mesma entendia aquele vai e vem de ideias e sentimentos, muitas vezes contraditórios, convulsionados pelos hormônios, desabando em rios de lágrimas, num eterno amar e odiar, sem chegar a uma conclusão plausível...coisa que só a maturidade traz. Quando traz.
Fisicamente, minha rejeição maior sempre foi com os cabelos crespos que herdei da minha avó, num tempo em que não havia xampu, cremes e essa parafernália de hoje e a gente rebentava ainda mais o cabelo puxando, escovando, desembaraçando, amarrando, o que o deixava ainda mais feio, até cair na tesoura.
Adorava minhas mãos, delineadas pela genética e pelo piano, meus pés pequenos que sabiam dançar como poucos, a cintura moldada pelo bambolê, as pernas fortes de pular muros e subir em árvores, enfim, não tinha bronca com nada e até ficava um tantinho exibida na hora de desfilar os biquínis na praia e na piscina.
Passa o tempo, passa o tempo, passa o tempo...
As gravidezes não me causaram nenhuma modificação expressiva na silhueta, quem sabe pelo trabalho que dá criar três meninos numa época sem máquinas e sempre longe da família.
Agora, a tal da menopausa, aliada à sua companheira chamada aposentadoria e ainda o abandono do cigarro, salve-se quem puder! E não se salvou muita coisa, pode apostar!
Nesse momento é que se torna ainda mais difícil a recomendação de se amar. Não é fácil amar os cabelos que, além de continuarem crespos, teimam em branquear. Amar as manchinhas e a pele enrugando naquelas mãos outrora tão elogiadas. Amar os quilos a mais (talvez a parte mais difícil), a perda da firmeza nos contornos do rosto, os olhos diminuindo, as sobrancelhas rareando, a cintura roliça, os joelhos sem o desenho e a definição antigos, os pés mais largos, enfim, a decadência humana para quem envelhece “ao natural”.
Para tudo na vida precisamos nos preparar. E a indústria dos cosméticos, os dermatologistas, os cirurgiões plásticos ficam apregoando lorotas de juventude eterna e a gente vai acreditando que será assim conosco também. Pelo menos até rever os amigos da mesma idade e constatar, salvo raras exceções, que eles envelheceram como nós, ou ficaram parecidos com o Michael Jackson após tantas plásticas.
Fico pensando em como será namorar nessa idade, conhecer alguém, tirar a roupa, acordar de cara lavada. Fazem tanta propaganda dos bailes, namoros e casamentos na terceira idade, que me pergunto: - será que é bonito assim mesmo? Ou o certo é a máxima que diz “quem comeu a carne que roa os ossos”?
 Aprendi a apreciar minha maturidade, já não me vanglorio tanto da minha memória que volta e meia me trai, mas continuo inadaptada no meu novo corpo físico, ainda não o assimilei bem.
Quem sabe se deixar de olhar para as fotos antigas a coisa melhora né?! Não custa tentar.

4 comentários:

Anônimo disse...

Maria Luiza, esta crônica é genial.Mostras com sensibilidade , realidade e humor, o que acontece com mulheres equilibradas, conscientes e inteligentes.Parabéns.Beijos. Gladis Laydner

Luiz Barboza Neto disse...

Prezada amiga ML.

Você se esqueceu de mencionar o quanto o tempo lapidou a sua inteligência, deixando-a mais bonita e competente a ponto de escrever este texto tão agradável.
Ao lê-lo tive a impressão de estar me vendo em um espelho. De fato, depois dos 50 vamos ficamos cada vez mais parecidos. As dores e limitações nos aproximam, mas a sagacidade também.

Afetuoso abraço de seu fã,
Barboza

Edson disse...

Na verdade penso que não estamos preparados para essas mudanças na vida,feliz são essas pessoas conscientes,equilibradas e inteligentes que conseguem perceber tudo isso de uma maneira legal.Não têm como ser diferente, o mais importante é viver bem cada uma dessas fazes.Forte Abraço do Lobo.

gypache disse...

Envelhecer é uma dádiva, amadurecer um talento, viver é um grande presente. Maria luiza devo confessar, sem demagogia, que eu encontro alento quando vejo minhas rugas, meus cabelos brancos, minhas gorduras localizadas pela questão metabólica que a menopausa traz, quando olho para traz e vejo que nas devidas épocas eu fui adequada para os parametros de aceitabilidade da "massa", portanto vivi e curti bem "aquela"época, mas hoje sou bem melhor.Tu achas que preciso aumentar minha auto estima??? kkkrrrsrsr adorei tua cronica Gislaine(prima)