segunda-feira, 18 de abril de 2011

OS FORTES DE VERDADE!

            Não é nas academias que os seres humanos se transformam em "fortes". Um monte de músculos pode até proporcionar força física, entretanto, para suportar certas pedreiras da vida são insuficientes.
         Com certeza, todos vocês já ouviram falar nos "pintores com a boca e os pés". Já devem ter recebido seus lindos cartões e espero que tenham contribuído para que um projeto dessa grandeza tenha continuidade.
          Há muitos anos só envio cartões deles e não faço nenhum favor, pois são de altíssima qualidade. Mesmo acompanhando seu trabalho há bastante tempo, não canso de admirar aquelas pessoas, aqueles artistas que chegaram à enésima categoria de superação. São casos incríveis, como o de uma jovem que teve poliomelite aos dois anos e vive há quase trinta num hospital, vinte e quatro horas por dia ligada a um aparelho respiratório, paralisada do pescoço para baixo e pintando maravilhas com a boca.
        A carta que recebi desta vez, acompanhando os cartões, foi escrita com o pé por uma jovem que tem os braços paralisados, o que não a impediu de se formar em duas faculdades. E que bonita letra!
        Esses pintores são, para mim, o maior caso de superação que eu conheço, uma vez que não se limitam a viver - o que já não é fácil - mas ainda querem aprender, produzir.
        Meu pai tinha, além da família, duas grandes paixões na vida: ler e pilotar. Aos oitenta e cinco anos ficou cego, quase de repente. E nunca mais pode ler, nem pilotar. Nessa idade, fica muito difícil aprender coisas novas, mas ele tentou fazer datilografia numa máquina adaptada, pelo menos poderia escrever, outra das suas habilidades. Cidade pequena, pouco avanço nessa área, grande limitações. Só que ele amava falar de aviões, comentar coisas "de fundamento", ouvir boas histórias. Infelizmente, muitos dos seus amigos nunca foram vê-lo e dar a ele alguns momentos de satisfação, porque não queriam vê-lo naquele estado.
         Será covardia? Será apenas uma desculpa? Será pura omissão?
         Não sei. Nunca vou saber, pois meu pai já morreu.
         Agora, ele foi uma fortaleza, quase sem se queixar abdicou de tudo o que mais gostava e dava profundos suspiros ao ouvir os roncos dos aviões passando no céu e à falta da conversa interessante de muitos dos seus companheiros.
        Penso que, se eles são fortes para resistir, para enfrentar imensas dificuldades, nós temos obrigação de, pelo menos, apoiá-los, prestar nossa solidariedade, ou teremos bem pouco de humanos.
        Para mim, esses são os fortes de verdade!

2 comentários:

Anônimo disse...

Emocionante! Essa leitura me raptou da realidade do tempo imerso nas coisas práticas do dia a dia no trabalho. Dei uma volta em outros mundos. Que pai maravilhos tiveste. Que pais maravilhosos eu tenho! Beijo Malu!
Rubia

Regina Antunes disse...

Boa noite !!

Lindo texto !! As vezes reclamamos por bobagens .

Uma linda semana !! Mil beijos !!