Quem escreve há bastante tempo, como eu, corre o risco de se tornar repetitiva, principalmente para com os leitores mais fiéis. Então, o jeito é procurar sempre inovar.
Com o "Dia das Mães" se aproximando, vasculhei na memória as abordagens que fiz e concluí que já falei sobre o lado bom , o lado ruim e o lado mais ou menos das mães. Já endeusei, já cantei a maternidade em verso e prosa, já derrubei tabus, contrariei verdades absolutas, desmistifiquei e até questionei valores e aptidões tidos como "naturais", inerentes à condição feminina. É sabido que nem todas as mulheres nasceram para ser mães, algumas nem para serem mulheres. Outras, completametne derretidas com suas bonecas na infância e totalmente relapsas com seus filhos na idade adulta.
Eu pertenço ao grupo das que seriam completamente frustradas sem a maternidade. Sem demagogia, curti cada segundo dos meus filhos e revivo tudo com igual intensidade com meus netos. Tentei ser a melhor mãe que consegui; na verdade nem tentei, fui sendo do jeito que sabia e podia, socorrendo-me da literatura específica quando surgiam as grandes dúvidas, porque sempre desconfiei daqueles conselhos advindos da "prática". Sei que poderia ser mais tolerante, mais paciente e mais compreensiva, mas não consegui. Felizmente, meus filhos sobreviveram e parecem me amar de verdade, como eu a eles.
Com mais um Dia das Mães se aproximando, quando o sentimentalismo fica patológico e todo mundo vive à beira das lágrimas, incentivados pela mídia diga-se de passagem, escolhi falar sobre a minha mãe neste ano de 2010.
Ela já está com quase 91 anos, chama-se Conceição e é um poço de simpatia, educação e carinho.
Pequena, clarinha, de olhos escuros e redondos, pés e mãos minúsculos, diferente de mim por dentro e por fora e, mesmo assim, estabelecendo comigo o maior elo de ligação possível entre mãe e filha, ainda mais que sou a única filha mulher que ela teve.
Minha mãe tem aquilo que, em última instância, os filhos mais desejam e esperam de suas mães: o abraço, a defesa incondicional, os beijos (ela é muito beijoqueira!), a compreensão, o apoio e a crítica sempre velada, disfarçada e absolutamente construtiva.
Driblando a idade e as deficiências auditivas e visuais, dona Conceição segue congregando filhos, netos e bisnetos, discutindo política e torcendo pelo Internacional. Brinca de bonecas com a Bruna, de carrinhos com o Lucas e divide uma bacia de pipoca com os netos nos jogos do Inter, que comprou em pay-per-view. Nas horas vagas assiste à TV Senado, TV Câmara e alfineta o Lula.
Não sabe cozinhar, nunca quis aprender, tem excelente gosto para leitura e nem tanto para a música (adora o Teixeirinha), mas o que prefere mesmo é conversar, nem que seja pelo telefone.
Esta é a minha mãe e é ela que eu quero, mais do que tudo, abraçar e homenagear neste dia.
2 comentários:
Quero deixar meu abraço carinhoso para D. Conceição, ela que foi grande amiga da minha mãe e da minha sogra.beijos querida.
Também gosto de Teixeirinha,rsrsrsrs...
Mando beijos para a Dona Conceição, acho ela fora de série!
Parabéns pelo dia das mães, beijos
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