Acabei ganhando lindas rosas do maridão. E ele jura que ainda não tinha lido o texto do blog quando as encomendou!
Foi o ponto alto do meu aniversário, além dos cumprimentos de tantos amigos, reais e virtuais, do jantar com os filhos e netos e tudo o mais.
Como de praxe, tive um baque logo cedo, pois minha mãe amanheceu completamente surda. Aos 90 anos tudo é urgente, sério e preocupante. De forma que passei o dia todo nos médicos, exames e coisas assim. Afastadas causas mais graves, uma otite parece ser a responsável, mas a surdez permanece. Para uma pessoa falante, conversadeira, que discursa o dia todo principalmente sobre política (como boa Vargas) e futebol, o silêncio é aterrador.
Minha avó viveu 96 anos, com muita saúde. Com 91 uma isquemia prendeu-a a uma cadeira de rodas, de onde ela continuava dirigindo a casa e cuidando de si mesma e dos outros, com a vaidade que sempre lhe foi peculiar.
Meu pai esteve conosco por 92 anos, também cheio de saúde e lucidez. Com 85 anos perdeu a visão, num glaucoma seguido de muita barbeiragem do seu oftalmologista. Piloto, leitor voraz, detestava conversas fúteis ou muito som ao redor, preferia mergulhar nos seus livros e jornais. E ficou cego.
Não quero pensar que a surdez repentina de minha mãe possa fazer parte do meu karma. Acho que não suportaria. Nesse caso, penso que jamais voltaria a tocar piano, que ela adora ouvir.
Sempre digo que tenho uma relação difícil com o meu aniversário. Em 1999, por exemplo, dez dias depois da morte do meu pai, marcaram meu divórcio (de um casamento de 30 anos) para o dia 9 de novembro. Inenarrável.
Portanto, queridos leitores, ainda não deu para comemorar.
Sinto muito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário