segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Colher-medida.

Acho que já nasci 8 ou 80. Com mais de cinqüenta anos, ainda tenho dificuldade no meio termo. Sou muito intensa e já estava na hora de me acomodar no adequado, no conveniente, no aconselhável. Qual o quê! Amo demais, detesto demais, como demais, bebo demais (ou nada), felizmente larguei o cigarro, senão ainda fumaria demais e por ainda afora. Quando vou para a cozinha faço banquetes. Ou tomo sopa Vono de caneca. Afasto-me da internet, ou fico horas a fio enchendo a caixa de correspondência dos meus amigos com tudo o que vejo e gosto. Quero me emendar. Assisti o filme "A Rainha" e deduzi que jamais seria rainha, ou inglesa. Minha passionalidade é mais espanhola, ou judia, sei lá.Inglesa não. Ontem, na missa, fiquei observando uma menina de seus 10 anos que passou o sermão inteiro fazendo cafuné na mãe dela. Chegava a enervar a gente. Como o brasileiro gosta de contato físico, de viver se agarrando, se beijando, passando a mão! Na França, mesmo avisada pela guia, toquei no braço de uma mulher para pedir uma informação e ela deu um salto, assustada e furiosa, como se eu a tivesse ferido. Os europeus cumprimentam-se polidamente, encostam suavemente as mãos ou roçam de leve a face, à guiza de beijo. Já os brasileiros não têm medida, é um tal de amassar, beijar, andar de braços dados, como se tivessem crescido junto com aquela pessoa que acabaram de conhecer. Um dia vou conseguir ser mais comedida. Em tudo. Quero exteriorizar menos meus sentimentos, comer um pedacinho da barra do chocolate, tomar um cálice daquele vinho delicioso, ir embora dos lugares na hora adequada, mesmo adorando tudo. Vou assistir a tantos filmes europeus que hei de aprender um pouquinho. Ah, escrever menos também é "mais adequado" a um blog. PS.: Não tenho como saber quantos leitores estou tendo ou para quem escrevo. Este blog não possui contador. A não ser que você clique em visualizar o perfil todas as vezes que passar por aqui. Ou que deixe um comentário, o que será melhor ainda.

5 comentários:

Alessandra Kotsugai disse...

Pode ter certeza que vou ser uma leitora bem dedicada.
Ainda não li todas as outras postagens, mas já estou gostando.
Um beijinho,
Sua norinha querida, Lê.

Unknown disse...

Até que me identifiquei um pouco com o texto, mas tenho uma atitude exterior bem comedida, sempre tive, aliás, sempre me identifiquei muito com o estilo europeu.
Ao contrário, minha luta sempre foi pra conseguir exteriorizar mais as emoções...
Teu texto está na exata medida, não poderia ser menor, pq não tem como se explicar sentimentos com poucas palavras.
Podes continuar transbordando os ingredientes desta tua colher-medida, afinal, quem disse que as pessoas devem ter medidas, ou serem medidas?
Beijos

Zulforum@gmail.com disse...

Baísa, então és do time que eu chamo "exageradas"...Tudo com intensidade: amar, tocar, sorrir, chorar, prometer, não cumprir...Não basta ser o "arroz de festa", temos que ser o "último" a sair...Que maravilha! Viver em plenitude, mesmo que para alguns, de forma "exagerada", beber até o último gole...Parabéns! Não vim antes pq não recebi nada a respeito deste lugar que será habitual pra mim. Beijos no coração, na alma e na tua mente criativa...

Zulforum@gmail.com disse...

Ah, ia esquecendo...Talvez o pessoal não registre comentários pq volta e meia dá erro (aparecem aquelas famosas letrinhas desengonçadas). Zu.

Fernanda disse...

Olá Maria Luíza!
Vim conhecer a casa nova :)
Está muito bem, e vai ficar ainda melhor.

Mesmo na Europa temos diferenças; os latinos exteriorizam mais os sentimentos. Aqui cumprimentamos com 2 beijinhos uma senhora que acabamos de conhecer, na França é cumprimento de mão. Ah, mas agora com a gripe A vamos todos ficar pelo sorriso, kkkkk...

Beijinhos.