Olhar pra trás.
Nem sempre é bom, todavia, para se construir uma
retrospectiva de um período, faz-se necessário.
Nesse ano, nosso país se perdeu nas mãos de maus
administradores e pessoas profundamente desonestas. Perdemos o orgulho de
sermos brasileiros e nos vimos amedrontados pela violência crescente e pelos
desmandos de toda ordem. O ponto positivo foi a Polícia Federal ter conseguido
destampar a panela fétida da corrupção e mostrar ao povo quem são os safados,
os ladrões, os corruptos. Prendeu muitos deles, embora certo Ministro tenha o
mau hábito de libertá-los... Cabe à PF, inclusive, a distinção de ser uma das
únicas instituições que ainda mantém credibilidade nesse país devassado pelos
malfeitores.
A natureza andou revoltada com o descaso do homem, com o
excesso de lixo, com o desmatamento irresponsável e resolver assustar.
Tempestades, furacões, vulcões, ressacas mostraram a nossa pequenez diante das
catástrofes naturais.
Alguns líderes internacionais, de países poderosos, perderam
o bom senso e a cautela e colocam em risco a paz mundial. Além disso, o
fanatismo religioso continua vitimando inocentes.
O câncer se espalha descontroladamente, causado, quem sabe,
pelos hábitos de vida poucos saudáveis, pela poluição, pela contaminação do ar
e dos alimentos. Muitas famílias choram e se preocupam com essa doença
terrível.
Os valores estão sendo postos em cheque num país que não
incentiva a leitura, que não apresenta às crianças a boa música, que fomenta o
erotismo nas crianças e jovens e que quer se dizer moderno quando tenta abolir
todas as leis, toda a moral, todo o respeito por si próprio e pelo outro. Um
país que não respeita os professores, que menospreza os idosos, que explora os
aposentados, que mata os policiais que defendem a população e onde armas e
drogas constituem a argamassa dos morros e favelas.
Infelizmente, chegamos ao ponto do cidadão de bem ficar preso
em casa, enquanto os malfeitores desfilam soltos e fortemente armados por onde
querem. Um lugar onde nosso salário não pode comprar coisas boas e bonitas e,
quando pode, não pode ostentá-las por conta da cobiça da bandidagem. Um lugar
onde as crianças já não podem andar um quarteirão sequer sozinhas e são
assustadas em casa desde pequenas, para que aprendam a se proteger e defender.
Esse é o Brasil de 2017.
Mas não só esse. Existe ainda outro. Um país onde pessoas
fazem trabalho voluntário nos asilos e nos hospitais. Gente que se dispõe a
cozinhar e distribuir alimentos para moradores de rua. Professores que dão
aulas gratuitas a jovens carentes que tentam acessar a Universidade, escritores
que doam livros para bibliotecas e escolas sem recursos, procurando alargar os
horizontes e formar cidadãos. Gente boa que trabalha no campo produzindo
alimentos. E ainda há muitos que procuram praticar o bem.
Meu ano pessoal foi bom, porque tivemos saúde, tivemos união
e, mesmo o único pedacinho da família que se encontra circunstancialmente desgarrado,
se fez presente aqui neste final de ano, enchendo de alegria nosso coração
saudoso.
O ponto alto do meu ano foi, sem dúvida, ter sido Patrona da
38ª Feira do Livro de Alegrete, onde vivi e revivi os melhores anos e as maiores
emoções da minha vida e pude desfrutar de um reconhecimento que costuma ser
apenas póstumo. Posso assegurar que, com vida e saúde, tudo fica ainda muito
mais valioso!
Na 63ª Feira do Livro de Porto Alegre lancei meus novos
livros, que agora somam catorze, sem contar as dezenas de Antologias em que
tive a honra de participar. Coube-me, também, falar sobre a saga dos escritores
independentes, o que me deu bastante satisfação por se tratar de um assunto que
conheço e vivencio anualmente. Meus livros nunca se pagam, sempre arco com um
déficit previsível e assim será até que eu possa fazê-lo.
Completei sessenta e cinco anos, tenho uma mãe admirável de
noventa e oito, três filhos que são para mim o suprassumo da minha existência,
quatro netos maravilhosos, um marido companheiro, irmãos inteligentes, noras
dedicadas, sobrinhos amorosos, enfim, muito mais a agradecer do que a pedir.
E uma memória seletiva que me protege e me livra de colocar
fermento em coisas ruins.
Graças a Deus!
E que venha 2018!
foto do grande artista alegretense - UBERTI.
Um comentário:
Bela retrospectiva.Se olharmos com os olhos do coração sentimos que entre as perdas e os ganhos no final ganhamos mais que perdemos.Feliz Ano Novo!
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