15 de Outubro - dia
consagrado aos professores, instituído no tempo em que se valorizava,
respeitava e amava o Mestre.
Hoje, a não ser para
os pequeninos, significa apenas mais um feriado escolar, um dia a menos para
ter de aturar a escola e os
professores. De nada valem as
homenagens, as flores, os presentes (que tão poucos professores recebem), se
não houver um verdadeiro reconhecimento da profissão.
Numa falta de perspectiva histórica absoluta, os governantes
e a sociedade adulta estão de costas para a realidade educacional do país. Da
mesma forma que procuram ignorar a ecologia e a sua importância para a vida do
planeta, ignoram também a educação, dela fazendo uso apenas como meta de
campanhas eleitoreiras. Meta que não pretendem cumprir, sendo a primeira a ser
esquecida depois das eleições.
Como se atrevem tantos políticos a repetir exaustivamente a
pseudo-prioridade que darão à educação, quando poucos se importam com a falta
total de recursos das escolas, com o material escolar inexistente e a falta de
preparo dos professores, ocasionada pelos baixos salários?
O que se vê atualmente são professores ingressando nas faculdades
de Educação (quando ingressam!) porque foram aprovados em segunda opção e não
conseguiram entrar no curso que queriam ou de onde esperavam maior retorno.
Ninguém mais, em sã consciência, procura realização e dignidade no Magistério,
mesmo porque não encontrariam. Os professores habilitados não são valorizados e
acabam mudando de emprego ou acumulando cargos e funções, o que prejudica a
formação do aluno. Outros ingressam na carreira cheios de sonhos e planos de
aprimoramento - que nunca se realizam. Alguns se acomodam, se desestimulam, vão levando... e quem perde é também o
aluno.
Numa época em que os filhos estão, mais do que nunca,
precisando de uma orientação segura, de uma preparação efetiva para enfrentar o
mercado cada vez mais competitivo... exatamente num tempo como o nosso, o
professor é tão pouco valorizado que só tem duas opções: desiste ou se acomoda.
Quem já terá parado para pensar em quem serão os mestres das
gerações futuras?
Cada vez menos preparados, converge ao Magistério (pelo menos
nas grandes Universidades) apenas a sucata dos jovens que concluem o Segundo Grau. E nem
poderia ser diferente. Com que argumentos convenceríamos esses jovens a serem
professores? Dizendo, talvez, que terão que comprar material para o trabalho de
seu próprio bolso, aguentar desaforos e malcriações dos filhos alheios, fazer
provas, provinhas e provões que serão corrigidos nos finais – de - semana,
participar de uma infinidade de reuniões e conselhos totalmente infrutíferos e
precisar fazer, no mínimo, uma greve por ano para lembrar aos governantes que
professor também precisa comer?
Pois é, ao invés de tantas homenagens superficiais, seria
bem melhor que, no dia 15 de Outubro, as autoridades, os pais e os alunos
fizessem uma reflexão sobre a situação atual e real dos professores e a lacuna
profunda que a falta ou a baixa qualidade deles causará nesta e nas futuras
gerações.
Eu sou professora porque tive excelentes professores, a quem
aprendi a admirar e a respeitar. Mas estes ... já são espécies em extinção!
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