A Comissão organizadora da Feira escolheu a escritora alegretense para ser a homenageada deste ano.
Maria Luiza Vargas nasceu em novembro de 1952. Atualmente reside em Florianópolis. Lá desde 1975 adotou a capital catarinense como sua segunda cidade.
A alegretense é professora universitária, aposentada, Doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, na área de Literatura Brasileira.
Possui doze livros solos publicados e participou de numerosas Coletâneas e Antologias. Cronista desde os quinze anos, tem também dois livros de contos publicados e cinco livros para o público infantil. Seu próximo desafio é o romance que já está escrevendo.
O Portal Alegrete Tudo bateu um papo com a Patrona. Confira a entrevista:
Portal: O que tu achou de ser escolhida como Patrona da Feiro do Livro, da tua cidade natal ?
Maria Luiza: Fiquei surpresa, honrada e feliz. Geralmente, este tipo de reconhecimento, quando chega, chega tarde demais. Ainda estou em condições de contribuir e de me sentir recompensada. Sempre digo que deixei minha alma morando aí. Vou reencontrá-la.
Portal: Você foi para Santa Catarina com 23 anos. Qual era o teu sonho naquela época ?
Maria Luiza: Nunca tive sonho de sair de Alegrete. Saí obrigada, por transferência do marido militar e passei o primeiro ano chorando em Florianópolis, com dois filhos pequenos e longa da família, dos amigos e da cidade que eu amava. Eu tinha tudo em Alegrete, nunca senti falta de nada.
Portal: Hoje em dia a internet domina em todos os sentidos. Onde chamar a atenção dos leitores de livros ?
Portal: Tu tens obras voltadas para o público infantil. Como define tua característica como escritora ?
Maria Luiza: Além de escrever desde a adolescência, trabalhei muitos anos lecionando para crianças, depois ministrei a disciplina de Literatura Infantil no curso de Pedagogia e a chegada dos netos coroou essa inclinação. Percebia a decepção da minha neta com alguns livros que trazia da biblioteca da escola, com grandes e belas ilustrações, mas muito pobres de enredo. Comecei trocando ideias com ela, percebendo onde a imaginação das crianças quer chegar e os livros foram nascendo. Além disso, tenho alma de cronista, a observação dos fatos da atualidade, das situações e das pessoas me impelem para a crônica. Tenho escrito narrativas mais longas, com dois livros de contos editados e pretendo escrever um romance que, aliás, já comecei.
Portal: E o romance ? Conta mais sobre este novo trabalho ?
Maria Luiza: O romance está esquematizado. Já sei como será a estrutura dele, os personagens, escrevi alguma coisa, mas ainda não tive o tempo e o espaço necessários para me dedicar sem interrupções ou compromissos outros. Pretendia lançar ainda neste ano, no entanto estou achando difícil. Alegrete e toda a minha geração estarão bem presentes nele.
Portal: Lá se vão 38 edições da Feira. Como tu enxerga este movimento em Alegrete ?
Maria Luiza: Não me surpreende nem um pouco. Alegrete sempre se destacou nos meios culturais. Basta ver quantas faculdades, quantas escolas de dança, quantos CTGs, quantos corais, quantos músicos! Algumas edições mais concorridas, mais trabalhadas, outras nem tanto, mas a chama da cultura e da literatura sempre presentes! Inclusive com muita participação das escolas, o que é fundamental.
Portal: Qual a importância em ser patrona de uma feira do livro ?
Maria Luiza: Ser Patrona de uma Feira do Livro é uma distinção repleta de responsabilidade. Se a Feira já é um marco na tradição literária de uma cidade, ter um destaque nessa constelação de pessoas que trabalham para o sucesso da Feira representa um enorme reconhecimento de tantos anos de dedicação aos livros e à escritura. Para que vive de ler e escrever, é o coroamento de uma forma de vida destinada a poucos, a quem sente a necessidade de se expressar em letras e palavras.
Portal: Tu viaja muito. Participa de feiras em várias cidades. Achas que o preço do livro desestimula a leitura ?
Maria Luiza: Para falar sobre o preço do Livro, temos, obrigatoriamente, que nos reportarmos à questão do mercado editorial. As grandes editoras preferem traduzir livros estrangeiros, editam milhares , certas da distribuição nas livrarias, de maneira que o preço unitário pode ser bem mais barato e elas ainda têm lucro. Já os escritores independentes pagam pela edição, raramente as editoras pequenas distribuem, não conseguem fazer muitos livros, pelo preço e pela dificuldade de armazenar nas casas e, assim, o livro fica mais caro e acaba sendo oferecido abaixo do preço de custo. Caro para o leitor, mais caro ainda para o autor.
Portal: Qual tua melhor lembrança do Alegrete ?
Maria Luiza: Difícil escolher uma. Em Alegrete vivi os melhores momentos da minha vida. Na rua Mariz e Barros e no Instituto de Educação Oswaldo Aranha passei os anos dourados da infância e da juventude.
Portal: Retornar a sua terra natal sendo patrona de uma feira de livro deve ser um sentimento do dever cumprido. O que você espera encontrar aqui ?
Maria Luiza: De certa forma, nunca fiquei muito distante dos alegretenses. Escrevendo na Gazeta e no Expresso Minuano, conversando nas redes sociais acompanho minha terrinha e meu povo constantemente. Espero encontrar o sorriso, o abraço e aquele olhar franco e direto que o gaúcho tem. Ser a Patrona da Feira é, sem dúvida, uma grande distinção, mas não me afasta ou me sobrepõe a ninguém. Somos todos leitores e estaremos unidos pelos livros.
Portal: Qual a característica de uma cidade leitora ?
Maria Luiza: Acho, com franqueza, que Alegrete é uma cidade leitora. Pela forma como as crianças são preparadas, motivadas nas escolas, pelas 38 edições da Feira do Livro, penso que promoções de livros nas livrarias, sorteios, brindes envolvendo livros e até parcerias na compra e distribuição de livros para os mais carentes só fará melhorar ainda mais esse perfil.
Portal: Se tu tivesse de fazer um convite para Feira ou uma mensagem aos alegretenses. Como seria ?
3 comentários:
Show!
Linda entrevista!
Não consegui abrir o vídeo.
Muito sucesso Maria Luiza.
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