Texto pinçado de
outro, escrito por um brasileiro que trabalha na Europa.
A mensagem central é "Pare de correr porque o fim chega
mais depressa".
Diz ele que qualquer projeto
lá leva em media dois anos para ser concretizado, ao invés da urgência e do
imediatismo brasileiros.
O país onde ele trabalha (Suécia) é do tamanho
de São Paulo, tem 2 milhões de habitantes.
Sua maior cidade,
Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com
Curitiba, que tem 2 milhões) e estas são algumas das empresas de capital
sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não? Para se ter uma ideia, a Volvo fabrica os
motores propulsores para os foguetes da
NASA.
Diz o brasileiro que não
conhece um povo, como povo mesmo, que tenha
mais cultura coletiva do que eles. E conta uma pequena história para elucidar:
A primeira vez que
fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era
setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem
longe da porta de entrada (são 2.000
funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no
terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã perguntei:
"Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o
estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final."
Ele me respondeu
simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem
chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta.
Você não acha?".
Melhor nem comparar
com as atitudes brasileiras...
Há um grande
movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um
caracol, tem sua base na Itália (o site é muito interessante. Veja-o!).
O que o movimento
Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar,saboreando os
alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a família, com
amigos, sem pressa e com qualidade.
A ideia é a de se
contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele Representa como estilo de vida
em que o americano endeusificou.
A surpresa, porém, é
que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais
amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week numa edição europeia.
A base de tudo está
no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela
globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade
de vida ou à "qualidade do ser".
Segundo a Business
Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas (35 horas por
semana ) são mais produtivos que seus colegas
americanos ou ingleses.
E os alemães, que em
muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua
produtividade crescer nada menos que 20%.
Essa chamada
"slow atitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas
do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).
Portanto, essa
"atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter menor
produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais
"qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção
aos detalhes e com menos "stress".
Significa retomar os
valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas
comunidades, do "local", presente e concreto em contraposição ao
"global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores
essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade
de viver e conviver e até da religião e da fé.
Significa um ambiente
de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto,
mais produtivo, onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem
fazer de melhor.
Gostaria que você
pensasse um pouco sobre isso... Será que os velhos ditados "Devagar se vai
ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem
novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura?
Será que nossas
empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade
sem-pressa" até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos
produtos e serviços sem a necessária perda da "qualidade do ser"?
No filme
"Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um personagem
cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde: -
"Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos."
"Mas em um
momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a num passo de
tango. E esta pequena cena é o momento
mais bonito do filme.
Algumas pessoas vivem
correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem infartados,
ou algo assim.
Para outros, o tempo
demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente,
que é o único tempo que existe.
Tempo todo mundo tem,
por igual! Ninguém tem mais nem menos
que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos
saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon: - "A vida é
aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro"...
Parabéns por ter lido
até o final!
Muitos não lerão esta
mensagem até o final, porque não podem "perder" o seu tempo neste
mundo globalizado.
Pense e reflita até
que ponto vale a pena deixar de curtir sua família. De ficar com a pessoa
amada, ir pescar no fim de semana ou outras coisas...
Poderá ser tarde
demais!
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