O berçário da sociedade é a família. É ela quem vai
determinar que tipo de mundo adulto nós teremos e com que espécie de pessoas
teremos que conviver. Por mais que o ser humano tente se libertar, ou esquecer
o que viveu e aprendeu na infância, nos seus primeiros anos, isso estará para
sempre presente na sua formação, de uma forma ou de outra, mais disfarçado,
mais neutralizado por fatores externos e novos aprendizados, mas sempre
presente. Somos um produto do nosso ninho primeiro e de tudo o que ouvimos,
sentimos e aprendemos em nossos primeiros anos de vida.
O papel da escola é o de lapidar, de transmitir
conhecimentos, de orientar a socialização. Ela complementa o papel da família,
fornecendo aos alunos as habilidades necessárias para o enfrentamento da vida e
da profissão. Abre os horizontes, apresenta o mundo, ensina técnicas, mas não
substitui os princípios básicos, nem o afeto fundamental que a criança precisa
obter em seu clã familiar.
É certo que os professores foram deixando de lado a busca
pelo aperfeiçoamento, pela especialização, desde que foram obrigados, pelos
baixos salários, a dar muitas aulas, a ter mais de um emprego, a correr o dia
todo, sem tempo para ler e estudar.
É fato que as famílias estão cada vez mais desestruturadas,
com o afã da sobrevivência, com as liberdades individuais colocadas acima dos
interesses familiares, com os filhos jogados em segundo plano na busca por
aumentar o poder aquisitivo e poder comprar mais e mais coisas, mais e mais
supérfluos, querendo, dessa forma, compensar o abandono, deixando as crianças
plantadas dia inteiro diante da TV, ou jogadas nas creches, ou brincando sozinhas.
Sem falar nas brigas e discussões, no empurra-empurra para ver quem assume mais
os papéis de cuidador e trabalhador doméstico, relegando a função primordial
dos pais, que é a de educador. Crianças que ouvem xingamentos, vozes alteradas,
bater de portas o dia inteiro tendem a repetir esses comportamentos na escola e
com as pessoas ao seu redor. Não por acaso, vê-se verdadeiras pantomimas nos
supermercados, restaurantes e shoppings, com filhos exigindo tudo o que querem
e quase batendo nos pais.
Esse comportamento é repetido nas escolas, com os colegas e
com os professores. Crianças oriundas de lares desfeitos ou conturbados acabam
agredindo colegas e professores, porque é essa a sua vivência e é assim que ela
foi criada. Crianças ultra mimadas também causam problemas no ambiente escolar,
porque o excesso de mimos é uma forma disfarçada de omissão. Muito mais fácil
fazer todas as vontades da criança, concordar sempre com ela, dar-lhe tudo o
que ela pede do que se dispor a conversar, a explicar, a demonstrar, a educar.
Enquanto família e escola não trabalharem afinadas, o
resultado será sempre esse que vemos. Alunos desajustados, pais permissivos e
professores vilipendiados.
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