terça-feira, 24 de maio de 2016

FAMÍLIA E ESCOLA AFINADAS




                          O berçário da sociedade é a família. É ela quem vai determinar que tipo de mundo adulto nós teremos e com que espécie de pessoas teremos que conviver. Por mais que o ser humano tente se libertar, ou esquecer o que viveu e aprendeu na infância, nos seus primeiros anos, isso estará para sempre presente na sua formação, de uma forma ou de outra, mais disfarçado, mais neutralizado por fatores externos e novos aprendizados, mas sempre presente. Somos um produto do nosso ninho primeiro e de tudo o que ouvimos, sentimos e aprendemos em nossos primeiros anos de vida.

                          O papel da escola é o de lapidar, de transmitir conhecimentos, de orientar a socialização. Ela complementa o papel da família, fornecendo aos alunos as habilidades necessárias para o enfrentamento da vida e da profissão. Abre os horizontes, apresenta o mundo, ensina técnicas, mas não substitui os princípios básicos, nem o afeto fundamental que a criança precisa obter em seu clã familiar.

                          É certo que os professores foram deixando de lado a busca pelo aperfeiçoamento, pela especialização, desde que foram obrigados, pelos baixos salários, a dar muitas aulas, a ter mais de um emprego, a correr o dia todo, sem tempo para ler e estudar.

                          É fato que as famílias estão cada vez mais desestruturadas, com o afã da sobrevivência, com as liberdades individuais colocadas acima dos interesses familiares, com os filhos jogados em segundo plano na busca por aumentar o poder aquisitivo e poder comprar mais e mais coisas, mais e mais supérfluos, querendo, dessa forma, compensar o abandono, deixando as crianças plantadas dia inteiro diante da TV, ou jogadas nas creches, ou brincando sozinhas. Sem falar nas brigas e discussões, no empurra-empurra para ver quem assume mais os papéis de cuidador e trabalhador doméstico, relegando a função primordial dos pais, que é a de educador. Crianças que ouvem xingamentos, vozes alteradas, bater de portas o dia inteiro tendem a repetir esses comportamentos na escola e com as pessoas ao seu redor. Não por acaso, vê-se verdadeiras pantomimas nos supermercados, restaurantes e shoppings, com filhos exigindo tudo o que querem e quase batendo nos pais.

                           Esse comportamento é repetido nas escolas, com os colegas e com os professores. Crianças oriundas de lares desfeitos ou conturbados acabam agredindo colegas e professores, porque é essa a sua vivência e é assim que ela foi criada. Crianças ultra mimadas também causam problemas no ambiente escolar, porque o excesso de mimos é uma forma disfarçada de omissão. Muito mais fácil fazer todas as vontades da criança, concordar sempre com ela, dar-lhe tudo o que ela pede do que se dispor a conversar, a explicar, a demonstrar, a educar.

                          Enquanto família e escola não trabalharem afinadas, o resultado será sempre esse que vemos. Alunos desajustados, pais permissivos e professores vilipendiados.




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