Dia desses assisti a uma matéria num telejornal que ainda
conseguiu me impressionar!
Mostrava os funcionários da limpeza do trem bala no Japão em
atividade. Eles estavam uniformizados adequadamente, com seus materiais numa
discreta sacola a tiracolo, anônimos na plataforma em meio aos usuários do
trem. Agora, o que mais me chamou a atenção foi a postura deles, a reverência
que fizeram quando o trem apareceu, curvando-se diante dele, numa atitude de
profundo respeito pelo instrumento de onde vinha o sustento de suas famílias.
Em sete minutos deveriam deixar o SHINKANSEN completamente
limpo, cada dupla encarregada de um vagão, inclusive dos banheiros. Para isso,
os funcionários recebiam treinamento específico num protótipo montado na
empresa, numa réplica da parte interna dos vagões do trem bala. Questionados
sobre tanto zelo e dedicação, os funcionários responderam que os passageiros
merecem receber tudo na mais perfeita ordem e higiene.
Como não pensar no transporte coletivo e, principalmente,
nos usuários dele em nosso país?
Como não lembrar que ônibus novinhos, com ar condicionado,
poltronas macias e rampas para cadeirantes são queimados nas ruas?
Como esquecer os trens que levam pessoas penduradas como
pingentes, outros caminhando nas capotas, multidões se acotovelando nas
estações, molestando as mulheres, deixando idosos em pé?
O Japão é muito povoado, muitas famílias vivem quase só de
comer arroz e, mesmo assim, reverenciam o emprego que lhes dá o sustento e
respeitam aqueles que ganham mais e, por isso, podem pagar por seus serviços.
É muito triste ver, em nosso país, vândalos destruindo o
patrimônio público, menores roubando, matando e sendo soltos nas ruas para
continuar sua trajetória de crimes.
Que mérito tem a liberdade nesses casos?
Liberdade para os infratores e prisão para o cidadão de bem,
acuado atrás de grades, com medo de tudo e de todos, rezando para os filhos
voltarem para casa depois da escola e do trabalho.
Quando os faxineiros se curvaram à chegada do SHINKANSEN na
plataforma, eu me encolhi de vergonha por pertencer a um povo sem respeito
algum, capaz de queimar a própria bandeira do país e destruir sua história.
Feliz do povo que ainda sabe respeitar!
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