quarta-feira, 2 de julho de 2014

DESCOMPASSO




                    Tudo o que se deseja é uma harmonia entre corpo e mente, como apregoa uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal:  “mens sana  in corpore sano”.
                   Agora, não é tarefa fácil não!
                   Como na maioria das coisas o essencial é o “equilíbrio”, cortando os excessos, diminuindo a adrenalina, respeitando os limites. Nada de fazer ginástica alucinadamente sete dias por semana, várias horas por dia. Ler até a madrugada e o dia todo também não saudável, nem para os olhos, tampouco para a convivência familiar. Neste “ler” está incluído ler mensagens no celular e nas redes sociais. E os joguinhos então! Ficar horas a fio alheios a tudo e a todos à sua volta para passar de fase, é mais do que um contra senso, é um desperdício de vida!
                     Minha mãe costuma dizer que tem cabeça de cinquenta e pernas de cem anos.  Achamos graça, no entanto, é verdadeiro. Com as limitações físicas da idade ela já não pode correr, mas raciocina como poucos e tem uma memória admirável.
                    Nesta manhã especialmente, comprovei a tese de que nem sempre nossos neurônios e nossos músculos caminham no mesmo ritmo. Numa manhã fria, com a cama quentinha e macia, o corpo cansado de cuidar das netinhas queria ficar mais tempo ali imóvel, relaxado. E quem diz que a cabeça deixou? Desde a madrugada criando finais e inícios de textos, revisando outros, organizando a agenda. Caduquice? Não, prefiro pensar em descompasso. O que estava cansado, por ter sido exigido demais, eram os músculos e não o cérebro, porque ele é pouco usado na cantoria da Galinha Pintadinha.
                     As pessoas que passam a vida cuidando do corpo, às vezes com exagero, mas trabalhando músculos, estimulando a respiração e o coração, comendo direito, certamente se movimentarão mais e melhor na terceira idade.
                    Os que estimularam a cabeça com leituras, aprendizados, informação, com certeza terão mais lucidez e bom papos até bem tarde na vida.
                     A questão é: o que fazer para harmonizar os dois?
                     Como chegar à velhice caminhando, conversando e produzindo regularmente?
                     Equilíbrio, esta é a resposta. Nada de excessos físicos, nem mentais. Isso se estende à alimentação, à rotina, à forma de vida. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
                     Difícil? Como tudo o que é bom. Mas vale a pena!






Nenhum comentário: