O propósito da vida é colecionar lembranças. Portanto, nada
mais justo e adequado que registremos alguns momentos preciosos das nossas andanças
para podermos revivê-los com mais intensidade e mostrá-los à nossa
descendência.
Os álbuns de fotografias fazem parte da minha tradição
familiar. Num tempo em que nem se tinha câmeras em casa (meu pai tinha uma, de
caixão, que nunca vi funcionar), havia uma meia dúzia de álbuns enormes,
pesados, com capas que mais pareciam telas pintadas, outras em madeira
trabalhada e, dentro, fotos maravilhosas, feitas por profissionais.
Minha mãe fez um álbum de bebê e outro de fotos para cada
filho, tudo legendado com sua criatividade e a letra bonita de professora. Eu a
imitei e fiz o mesmo, com a diferença que já possuíamos uma câmera fotográfica,
então, cada um deles tem cinco ou seis álbuns apenas da infância.
Hoje, temos pastas enormes nos computadores com fotos da
família, especialmente dos netos, além de vários DVDs dos aniversários e eventos
em que eles participam. Sempre receio que se percam, ou quebrem, por isso, continuei
fazendo os álbuns para os pequenos, cada foto com sua legenda e sua história e,
assim, já possuo duas prateleiras da estante forradas de álbuns coloridos que
pretendo entregar a eles só quando tiverem cuidado e souberem dar o valor adequado
às fotografias ali guardadas.
Fazer álbuns dá trabalho e custa dinheiro. Por isso, seria
muito bom se as pessoas os respeitassem, jamais danificando, arrancando fotos,
querendo apagar lembranças ou anular um passado que, muitas vezes, nem lhes
pertence.
Álbuns de formatura costumam ser caros e neles ficam
registrados a alegria e o orgulho da conquista, do primeiro degrau da carreira,
dos colegas de jornada. Geralmente, os jovens levam as (os) namoradas (os),
pois poucos são os que casam antes de se formar. E os casaizinhos se exibem
lindamente para o fotógrafo, recheando o álbum de lindas fotos de gente jovem e
bonita. Pois o destino desse investimento é o fundo dos armários e “Deus nos
livre” da (o) atual ver! Se for esposa, ou marido então... pode esquecer! Nem os
filhos verão o pai ou a mãe se formando!
Isso quando, sem direito algum, as esposas ou maridos não
resolvem danificar o lindo álbum aveludado arrancando fotos, rasgando outras,
jogando no lixo o orgulho dos pais e suas economias.
E os álbuns de casamento então?! Rios de dinheiro também destinados
à fogueira, visto a fragilidade das atuais uniões.
Agora, pecado mesmo são os pais separados e rancorosos que
querem arrancar o passado dos filhos, muitas vezes por exigência dos novos companheiros
e as crianças são proibidas de ver e
mostrar as fotos onde seus pais aparecem juntos, naquele tempo com cara de
felizes (porque o eram), precisando apenas admirar as fotos atuais, das novas
famílias constituídas, como se seus primeiros tempos no mundo nunca tivessem existido.
Tudo isso é questão de maturidade, de confiança em si e no
outro, de dar às coisas o valor que elas têm, ao invés de fazer um cavalo de
batalha por conta de um papel fotográfico que registrou um momento realmente
vivido e que, da memória das pessoas, jamais se apagará.
Tenho em casa meus dois álbuns de casamento, com vestidos bonitos,
sorrisos emocionados e posso comparar a noiva e as pessoas da família com
trinta anos de diferença.
Na estante da sala meu ex-marido sorri do porta-retrato, abraçado
aos netos.
Para nós, a felicidade dos filhos sempre foi o mais
importante.
E a nossa não depende de coisas tão pequenas.
2 comentários:
Concordo com você... fotos não devem ser destruídas...são uma lembrança de momentos que vivemos, não importa se já acabou, fez parte de nossa vida. Eu tenho as fotos salvas no computador mas também revelo a maioria delas, netos, filhos, família, amigos...tudo merece ser guardado... até pessoas que entraram em minha vida e já saíram por algum motivo, estão guardadas em minhas gavetas...não tenho porque excluí-las...fazem parte de minha história.
Que lindo texto, ate me emocionei. Realmente acontece sempre isso, falta de cuidado. Tbm tenho álbuns, muitos dos filhos, da primeira neta e fotos no computador,das . Meus álbuns de infância, mocidade namoro, amigas, festinhas,.. se foram na minha ultima mudança. prefiro não lembrar, Nada de recordação desta época maravilhosa....Lucia czarif
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