segunda-feira, 7 de julho de 2014

ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS – LADO B




                        O propósito da vida é colecionar lembranças. Portanto, nada mais justo e adequado que registremos alguns momentos preciosos das nossas andanças para podermos revivê-los com mais intensidade e mostrá-los à nossa descendência.
                       Os álbuns de fotografias fazem parte da minha tradição familiar. Num tempo em que nem se tinha câmeras em casa (meu pai tinha uma, de caixão, que nunca vi funcionar), havia uma meia dúzia de álbuns enormes, pesados, com capas que mais pareciam telas pintadas, outras em madeira trabalhada e, dentro, fotos maravilhosas, feitas por profissionais.
                        Minha mãe fez um álbum de bebê e outro de fotos para cada filho, tudo legendado com sua criatividade e a letra bonita de professora. Eu a imitei e fiz o mesmo, com a diferença que já possuíamos uma câmera fotográfica, então, cada um deles tem cinco ou seis álbuns apenas da infância.
                       Hoje, temos pastas enormes nos computadores com fotos da família, especialmente dos netos, além de vários DVDs dos aniversários e eventos em que eles participam. Sempre receio que se percam, ou quebrem, por isso, continuei fazendo os álbuns para os pequenos, cada foto com sua legenda e sua história e, assim, já possuo duas prateleiras da estante forradas de álbuns coloridos que pretendo entregar a eles só quando tiverem cuidado e souberem dar o valor adequado às fotografias ali guardadas.
                         Fazer álbuns dá trabalho e custa dinheiro. Por isso, seria muito bom se as pessoas os respeitassem, jamais danificando, arrancando fotos, querendo apagar lembranças ou anular um passado que, muitas vezes, nem lhes pertence.
                        Álbuns de formatura costumam ser caros e neles ficam registrados a alegria e o orgulho da conquista, do primeiro degrau da carreira, dos colegas de jornada. Geralmente, os jovens levam as (os) namoradas (os), pois poucos são os que casam antes de se formar. E os casaizinhos se exibem lindamente para o fotógrafo, recheando o álbum de lindas fotos de gente jovem e bonita. Pois o destino desse investimento é o fundo dos armários e “Deus nos livre” da (o) atual ver! Se for esposa, ou marido então... pode esquecer! Nem os filhos verão o pai ou a mãe se formando!
                       Isso quando, sem direito algum, as esposas ou maridos não resolvem danificar o lindo álbum aveludado arrancando fotos, rasgando outras, jogando no lixo o orgulho dos pais e suas economias.
                       E os álbuns de casamento então?! Rios de dinheiro também destinados à fogueira, visto a fragilidade das atuais uniões.
                       Agora, pecado mesmo são os pais separados e rancorosos que querem arrancar o passado dos filhos, muitas vezes por exigência dos novos companheiros e as crianças são proibidas  de ver e mostrar as fotos onde seus pais aparecem juntos, naquele tempo com cara de felizes (porque o eram), precisando apenas admirar as fotos atuais, das novas famílias constituídas, como se seus primeiros tempos no mundo nunca tivessem existido.
                      Tudo isso é questão de maturidade, de confiança em si e no outro, de dar às coisas o valor que elas têm, ao invés de fazer um cavalo de batalha por conta de um papel fotográfico que registrou um momento realmente vivido e que, da memória das pessoas, jamais se apagará.
                      Tenho em casa meus dois álbuns de casamento, com vestidos bonitos, sorrisos emocionados e posso comparar a noiva e as pessoas da família com trinta anos de diferença.
                      Na estante da sala meu ex-marido sorri do porta-retrato, abraçado aos netos.
                      Para nós, a felicidade dos filhos sempre foi o mais importante.
                      E a nossa não depende de coisas tão pequenas.




2 comentários:

Beth Stolarski disse...

Concordo com você... fotos não devem ser destruídas...são uma lembrança de momentos que vivemos, não importa se já acabou, fez parte de nossa vida. Eu tenho as fotos salvas no computador mas também revelo a maioria delas, netos, filhos, família, amigos...tudo merece ser guardado... até pessoas que entraram em minha vida e já saíram por algum motivo, estão guardadas em minhas gavetas...não tenho porque excluí-las...fazem parte de minha história.

Anônimo disse...

Que lindo texto, ate me emocionei. Realmente acontece sempre isso, falta de cuidado. Tbm tenho álbuns, muitos dos filhos, da primeira neta e fotos no computador,das . Meus álbuns de infância, mocidade namoro, amigas, festinhas,.. se foram na minha ultima mudança. prefiro não lembrar, Nada de recordação desta época maravilhosa....Lucia czarif