Muitas vezes
fui questionada sobre o fato de preferir me explicar, ou cobrar explicações por
escrito. Assim como se usasse as letras como escudo ou como armas e que as
palavras pronunciadas – às vezes vociferadas – não causassem nenhum mal,
nenhuma dor, fossem benignas, pelo simples fato de que, se não forem gravadas,
são levadas pelo vento ou substituídas por outras e mais outras.
Sou adepta da escrita
porque sou escritora, porque sei manejar as palavras e porque prefiro ter a
chance de expor meu ponto de vista sem ser interrompida a cada instante, ou
debatida no meio da idéia, sem chance de entendimento de lado algum.
Gosto de
escrever meus sentimentos, pois só assim eles param de doer, o nó da garganta
afrouxa e a respiração volta ao normal, uma vez que os pregos da cruz vão-se
derretendo nas palavras e a esperança de ser compreendida ganha força.
Prefiro
esclarecer situações ambíguas por escrito, já que não será com gritos ou
destemperos que as coisas se normalizarão.
Sei afiar as
palavras e transformá-las em arma muito eficiente, no entanto, sempre procuro
reler e amenizar o texto escrito sob forte emoção, exatamente porque conheço a
longa vida das palavras grafadas. Ademais, as palavras que mais aprecio são
aquelas suavizadas pela maturidade, adocicadas pelos netos, encantadas pelos
filhos, coloridas pelos amigos. Fico bastante triste quando preciso fazer uso
das outras, daquelas reservadas às injustiças, ao desamor, às inverdades. Mas,
se for preciso, sei como utilizá-las.
Não é por
covardia que se escreve uma carta, um bilhete, um e-mail. Nem por comodismo. O
telefone é mais fácil para alguns e totalmente inócuo para mim. Rejeito desde
sua campainha até o cansaço de segurá-lo e o calor na orelha por ficar ouvindo
muito tempo. Respeito quem gosta, como gostaria de ser respeitada na minha
preferência.
O texto escrito
compromete mais e pode até ser usado como arma quando cai em mãos mal
intencionadas. A palavra pronunciada fere da mesma maneira e se instala num
lugarzinho dolorido, próximo ao coração, acrescida da voz de quem a pronunciou.
É tudo,
portanto, uma questão de preferência apenas. Devemos resolver nossos problemas
da maneira que, para nós, parece ser a mais eficaz e aqueles que temem nossos
desabafos gráficos poderiam repensar se o que os move não será a certeza de que
terão de se confrontar com algumas verdades das quais fugiriam numa conversa,
protegendo-se com rompantes, agressões, ou retiradas intempestivas.
Pensem nisso!
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