terça-feira, 19 de março de 2013

A PALAVRA ESCRITA NÂO É COVARDE!




Muitas vezes fui questionada sobre o fato de preferir me explicar, ou cobrar explicações por escrito. Assim como se usasse as letras como escudo ou como armas e que as palavras pronunciadas – às vezes vociferadas – não causassem nenhum mal, nenhuma dor, fossem benignas, pelo simples fato de que, se não forem gravadas, são levadas pelo vento ou substituídas por outras e mais outras.
Sou adepta da escrita porque sou escritora, porque sei manejar as palavras e porque prefiro ter a chance de expor meu ponto de vista sem ser interrompida a cada instante, ou debatida no meio da idéia, sem chance de entendimento de lado algum.
Gosto de escrever meus sentimentos, pois só assim eles param de doer, o nó da garganta afrouxa e a respiração volta ao normal, uma vez que os pregos da cruz vão-se derretendo nas palavras e a esperança de ser compreendida ganha força.
Prefiro esclarecer situações ambíguas por escrito, já que não será com gritos ou destemperos que as coisas se normalizarão.
Sei afiar as palavras e transformá-las em arma muito eficiente, no entanto, sempre procuro reler e amenizar o texto escrito sob forte emoção, exatamente porque conheço a longa vida das palavras grafadas. Ademais, as palavras que mais aprecio são aquelas suavizadas pela maturidade, adocicadas pelos netos, encantadas pelos filhos, coloridas pelos amigos. Fico bastante triste quando preciso fazer uso das outras, daquelas reservadas às injustiças, ao desamor, às inverdades. Mas, se for preciso, sei como utilizá-las.
Não é por covardia que se escreve uma carta, um bilhete, um e-mail. Nem por comodismo. O telefone é mais fácil para alguns e totalmente inócuo para mim. Rejeito desde sua campainha até o cansaço de segurá-lo e o calor na orelha por ficar ouvindo muito tempo. Respeito quem gosta, como gostaria de ser respeitada na minha preferência.
O texto escrito compromete mais e pode até ser usado como arma quando cai em mãos mal intencionadas. A palavra pronunciada fere da mesma maneira e se instala num lugarzinho dolorido, próximo ao coração, acrescida da voz de quem a pronunciou.
É tudo, portanto, uma questão de preferência apenas. Devemos resolver nossos problemas da maneira que, para nós, parece ser a mais eficaz e aqueles que temem nossos desabafos gráficos poderiam repensar se o que os move não será a certeza de que terão de se confrontar com algumas verdades das quais fugiriam numa conversa, protegendo-se com rompantes, agressões, ou retiradas intempestivas.
Pensem nisso!



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