segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

LEMBRANÇAS DOCES E GELADAS



Já fui muito rotulada de saudosista, antes discordava, hoje não me importo mais. Devo ser mesmo, pois acho que era quase tudo melhor na minha meninice, lá no meu Alegrete, na rua Mariz e Barros, no meu colégio, com os meus amigos.

Volta e meia me pego pensando, comparando e “meu tempo” sai vitorioso na maior parte das vezes.

Hoje, saboreando um dos melhores sorvetes da face da terra, do italiano da praia dos Ingleses, observava a montanha gelada que as novas gerações colocam no pratinho, uma média de seis bolas enormes, cheias de cobertura.

 Lembrei-me de um dos programas da minha família, que era, aos domingos, depois do matiné, ir até uma sorveteria que havia num porão, acho que na rua dos Andradas, eu era pequena e  não sei como se chamava, mas lembro que a gente descia uma rampa e lá embaixo havia mesas e um sorvete gostoso, servido numa taça de inox, uma única bola, com um copinho d’água ao lado. Minha avó, meus pais e os três filhos sentados, bem arrumados, comportados, conversando e saboreando aos bocadinhos aquela delícia doce e gelada.

Imagina se íamos entrar numa sorveteria com os pés imundos de areia, pedir uma tonelada de sorvete, sentar de qualquer jeito e ficar teclando no celular!

Esse come-come das novas gerações também é enervante. Para o cinema, eles carregam um fardo de porcarias como se fossem a um piquenique e em todos os lugares é um tal de mastigar constante, salgadinhos perigosamente  saturados de sódio e gorduras, refrigerantes, lanches de procedência duvidosa e quase nenhuma refeição como deve ser.

Em casa (e na casa dos nossos amigos) fazíamos três refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar, com direito ao lanche da escola e outro na parte da tarde, normalmente, sanduíches ou bolos com café com leite. E brincávamos ao ar livre, correndo, andando de bicicleta, jogando bola, brincando de bambolê, enfim, atividades físicas que nos garantiam um corpo esguio e uma boa noite de sono.

Hoje, as crianças e jovens vivem nos meios eletrônicos, noite e dia, cansando os olhos, excitando o cérebro, sacrificando o descanso, prejudicando os estudos.

Onde será que vai dar essa geração cibernética? Que cobranças terão na área da saúde?

Bom, o sorvete do italiano me levou longe... como sempre. Mas as noites na sorveteria com minha família continuam insuperáveis para mim.

Saudosismo?

Sabor de infância?

Pode ser.
 
 


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