O
Amor é o sentimento mais democrático que existe. Quando existe mesmo, independe
de raça, credo, posição social, condição econômica. Os que consideram demais
estes aspectos possuem uma imitação de amor e não amor genuíno.
Aqui
no bairro onde moro encontro sempre um casal que comprova minha teoria. Ambos
são negros, alcoólatras, pobres, faceiros e vivem desfilando de mãos dadas para
lá e para cá.
Ele
é um gentleman no cuidado com sua dama. Abre portas, carrega
sacolas, sustenta o passo por vezes cambaleante da amada e é dela sempre o
primeiro e o último gole da garrafa de cachaça.
Ela
se arruma para ele numas minissaias minúsculas, de cores berrantes, com blusas
bem decotadas mostrando os seios fartos e ainda tem o cuidado de ajeitar uma
flor nos cabelo, escolhida nos jardins por onde passam, rigorosamente
combinando com a roupa.
Sentam
no banco da praça, aos beijos, dividindo a bebida entre risadas, fazendo
charme, alheios ao mundo e aos olhares de reprovação (ou seria inveja?)
dos transeuntes.
Devem
ter aproximadamente quarenta anos, mas representam mais, pelos maus tratos da
vida e deles mesmos. Não sei onde vivem, onde dormem, só nunca os vi pedir
esmolas. Devem viver de amor...
Olha
para o lado e vejo casais descendo de carros modernos, às turras,
discutindo por tudo, trocando acusações, xingamentos, ironias.
Na
outra calçada homens caminhando na frente de suas mulheres, ou mulheres só
enxergando os filhos e ignorando o companheiro e cada vez mais admiro o casal
de negros feios que não soltam a mão um do outro para nada e ainda sentem ciúme
de quem possa admirar demasiadamente seu par.
ISSO
é que é amor. O resto pode ter nomes variados: acomodação, amizade, interesses,
hábito, preguiça, seja lá o que for, mas não faz o olho brilhar, o sorriso escancarar,
o mundo ficar cor-de-rosa.
Ainda
bem que o verdadeiro amor existe e que ainda pode ser encontrado, mesmo nos
lugares mais inusitados e entre pessoas que nos habituamos a ver como menos
significativas.
Feliz
do homem que tem uma mulher que se enfeita de cores e flores só para ele! Feliz
da mulher que tem um homem sempre pronto a ampará-la e a satisfazer seus
desejos.
E viva o
Amor!
Um comentário:
E viva o amor. Outro dia eu cliquei uma foto (ao acaso), os dois estavam em suas bicicletas, mas o detalhe especial é: ESTAVAM DE MÃOS DADAS. Imagine!
Aproveito a oportunidade para parabenizá-la pela participação no livro OS SETE PECADOS CAPITAIS. (MARINA GENTILE - dagazema@gmail.com)
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