De vez em quando, lá pelas voltas da
vida, bate uma saudade forte, imprevisível e inexplicável da terra da gente.
Claro que isso só acontece com quem
não teve o privilégio de viver para sempre na terra onde nasceu e cresceu.
Os negros escravos chegavam a morrer
desta melancolia, a que chamaram “banzo”. Obviamente, apenas os que tinham sido
arrancados de sua terra – a África – é que padeciam desta tristeza infinita.
A língua portuguesa é tão rica que
possui uma palavra para denominar, com exatidão, o que se sente quando vivemos
longe do lugar onde ficaram nossas raízes - saudade.
É isso que deixa meu coração apertado,
dolorido, quando lembro do rio Ibirapuitã, da Praça Getúlio Vargas, da Rua
Mariz e Barros, do colégio Oswaldo Aranha, dos amigos, da paisagem, do cheiro
de terra molhada quando começava a chover forte.
No clássico “E o vento levou”, Scarlet
O’Hara segura um punhado de terra da propriedade de sua família – Tara –
exaltando a importância da terra na vida das famílias, compondo com o solo uma
unidade indivisível.
Impelido a abandonar o Brasil, D.
Pedro levou um travesseirinho de terra brasileira, como forma de não se afastar
completamente da pátria que amava.
E eu, que só tenho fotografias do meu
Alegrete!
Não, eu o trago nas retinas, no coração,
no jeito de ser, de falar, nas comidas, nas músicas, no mate amargo e,
principalmente, no sorriso aberto e abraço apertado, marcas registradas de
nossa gente.
Bairrismo, saudosismo, saudade,
banzo...o nome não importa. O que conta mesmo é saber que, passe o tempo que
passar, quando dobro à direita na BR 101 e entro no trevo de acesso à cidade,
já começo a reconhecer as pessoas e a ser mais inteira, mais completa, eu
mesma.
Daqui a pouco estarei voltando aos
pagos, revendo a casa onde nasci, meus amigos e vizinhos de toda uma vida e até
gente nova, que conheci neste mundo virtual.
Cuidem bem do nosso Alegrete, pois, em
cada canto do país e até mundo afora, tem sempre um alegretense “acuando de
saudade” do pago.
Grande abraço.
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