O
maior tempo perdido é a gente procurar agradar todo mundo. Nem Jesus conseguiu
tal proeza! Se não formos crucificados, já estaremos no lucro.
Vivo
refletindo sobre a humanidade e tentando tirar minhas próprias conclusões.
Tarefa inglória. As pessoas são muito diferentes umas das outras e fica difícil
até estabelecer um núcleo comum. Sem falar na verdadeira vocação camaleônica,
que as faz mudar muito seguidamente e, às vezes, de forma radical.
No
meu caso, que tenho um blog onde relato passos importantes da minha vida,
isso fica ainda mais evidente. Aliás, só relato coisas que digam respeito a
todas as pessoas e que possam ajudá-las a refletir sobre sua própria condição.
É claro que as pessoas que me conhecem bem conseguem ler mais do que está
escrito, pois percebem, nas entrelinhas, o que estou sentindo ou vivendo.
Bem,
quando me aposentei, tive aplausos e críticas, incentivos e vaticínios. Como se
a aposentadoria do trabalho significasse a aposentadoria da vida. Hoje penso
que estava certa, deixando jovens professores continuarem a árdua missão de
orientar, disciplinar e preparar para o futuro as novas gerações. Trinta anos
de dedicação exclusiva me pareceram suficientes. E é sempre melhor a gente sair
"por cima", no auge da competência, sem apresentar sinais de cansaço,
desatualização, ou desânimo. Principalmente no magistério.
Depois,
decidi cuidar da minha netinha, que nasceu prematura e ainda não estava preparada
para ficar o dia inteiro na creche no retorno da mãe ao trabalho. É claro que
nove horas por dia, cinco dias por semana, era quase uma prisão domiciliar.
Entretanto, as compensações foram e são imensas! Vê-la desabrochar, aprender a
comer de colher, experimentar novos sabores, descobrir o mundo, falar, reclamar,
dançar, é tudo encantador.
Se
acho isso importante? MUITO! Pois a Bruna certamente precisa muito mais de mim
do que os alunos que deixei. Ela talvez vá lembrar pouco desta fase, mas a sua
saúde e desenvolvimento serão a garantia de que fiz o que devia fazer. Além
disso, sempre adorei brincar de bonecas, sempre fui "filhenta" e
agora estou tendo a oportunidade de vivenciar tudo outra vez. E não é qualquer
avó que tem este privilégio. Ainda mais avó paterna!
O
que me espanta é a "piedade" que algumas pessoas sentem pelo fato de
eu estar desempenhando um papel tão "desimportante". Imaginem se eu,
educadora nata, me contentaria em perambular pelo comércio, ou pelas academias,
sabendo o quanto poderia ter ajudado minha netinha, de apenas cinco meses!
Hoje, já somos companheiras de longos papos, ela chega da escolinha sempre
cheia de novidades e me confidencia “segredos”. Sei o nome de todos os seus
colegas, conheço os afetos e desafetos e me encanto com seu ritmo, sua voz
forte e afinada, a facilidade com que aprende as coisas.
Além
disso, não deixei de ler e escrever - minhas duas maiores paixões. Publiquei
mais um livro, tenho três no prelo, leio jornais diários e, aos poucos, vou
retomando minhas atividades, uma vez que Piccolina cresceu e seu pai já tem
mais horários livres para ficar com ela. A sensação é de que tudo valeu muito a
pena e que sempre estarei por aqui para socorrer meus filhos e meus netos
quando eles precisarem.
E, enquanto meus leitores continuarem a
prestigiar meu blog, estarei marcando presença, incentivando-os a refletir
sobre a vida e as pessoas.
Se
alguns me entenderem, já terá sido suficiente.
2 comentários:
Poxa vida sogrinha, podia ter falado bem da sua nora tão querida!!!! Uma ótima mãe, trabalhadora...são tantas qualidades que até me esqueço! bjos
Simone
Faltou a modéstia minha norinha!
Mas tá bem, agora meus leitores já conhecem tuas qualidades...
Aparece mais seguido viu!
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