sábado, 18 de agosto de 2012

FALTA DE BERÇO


               Sei que as exceções existem, mas não me baseio nelas para fazer esta reflexão. Até porque, se formos fundamentar alguma coisa com base nos casos raros, dificilmente chegaremos a algum lugar.
                Muitas vezes ouvi a expressão "falta de berço", quase sempre com a conotação de que a pessoa referida pertencia a uma classe social inferior. A relação deve ser com o fato de que crianças muito pobres nem berço para dormir possuem.
                 Prefiro estender o sentido a uma educação de forma mais ampla, listando como "sem berço" as pessoas que não tiveram uma família que lhes transmitisse valores essenciais à convivência humana. Gente que deixa os filhos irem crescendo como erva daninha, pra todos os lados, satisfazendo seus desejos e evitando o estresse natural da educação.
                 Assim como os bons ensinamentos e exemplos, os maus também vão sendo transmitidos "de pai pra filho", perenizando atitudes predatórias na sociedade.
                  A pessoa pode se formar (universidade não encurta a orelha de ninguém), pode enriquecer (nem tudo o dinheiro compra), todavia, um dia, aquela falta de valores e educação negados na infância e na adolescência vai aflorar e o fulano não vai saber lidar com cargos e salários muito além da sua própria dimensão - e vai meter os pés pelas mãos! Ou o dinheiro na cueca, nas meias, nos panetones, enfim, vai mostrar publicamente seu lado podre, exatamente onde faltou a autoridade e a estrutura familiar.
                  Não encontro mais adjetivos que expressem fidedignamente minha náusea em relação aos políticos brasileiros. São atos inomináveis, que tripudiam sobre o povo, sobre o voto, sobre a democracia.
                  Gente desclassificada que sai de cena e logo retorna, aclamada pelo próprio povo que saqueou.
                   Não tenho mais motivação para escrever sobre a política e os políticos. Creio que estou perdendo até a capacidade de me indignar. Só sinto nojo! Nojo de ser obrigada a votar (sem eleição talvez fosse até pior), de sustentar esta corja, de ver o trabalhador sofrendo, penando enquanto a camarilha embolsa seu dinheiro suado e faz uma festa orgiástica nos impostos sobre tudo.
                   É um verdadeiro carnaval de contratações, de licitações, de passagens, de auxílio para isto e aquilo, de bolsa isto e aquilo, de viagens pra todo canto do mundo, de vereadores pipocando em progressão geométrica, de salários subindo sem parar apenas para os políticos, de aposentadorias mirabolantes, com mandatos eternos, enfim, um crime constante contra o povo brasileiro, que até hoje não aprendeu a votar, vota sempre errado e nem se lembra em quem votou.
                   Meu pai contava que, na sua juventude, os vereadores não recebiam salário, tinham suas profissões e, por serem homens públicos altruístas e impolutos, reuniam-se semanalmente para deliberar sobre as necessidades do município.
                    Se ainda fosse assim, DUVIDO  que algum desses políticos iria querer se manter no cargo. Pulariam fora na mesma hora, procurando outra têta para mamar.


2 comentários:

Unknown disse...

concordo com tudo e tenho os mesmos sentimentos. a gente paga impostos e não tem nada quando precisa, até plano de saúde tá ficando quase um SUS simplesmente pq não tem investimento na saúde. Porto Alegre está parada no tempo, desde que retornei de Alegrete temos os mesmos hospitais sendo que alguns fecharam, não fizeram o metrô, as ruas são as mesmas e aumenta a ppopulação é claro. Na educação a mesma coisa. acho até que outros estados estão melhor do que aqui. cultuar o passado é bom, mas viver NO PASSADO é atraso. beijos

Maudi disse...

parabéns pelo texo. Meu avô, Gustavo Perfeito, foi vereador de Alegrete por 12 anos e largou a politica quando soube que passariam a receber. Dizia que politico não é profissão, portanto não deveriam ter salário.