quarta-feira, 11 de julho de 2012

FOTOGRAFIAS


Uma amiga pediu que eu procurasse umas fotos dos nossos filhos pequenos e eu, então, mergulhei nos álbuns e caixas de retratos.
Minha família sempre gostou de eternizar momentos significativos e eu organizei muitos álbuns dos meus filhos, com legenda e tudo o mais. Aliás, estou fazendo o mesmo para os netos.
De uns tempos para cá, deixei de apreciar os momentos nostálgicos dedicados a rever as fotos. Não me sinto bem. Queria perenizar a infância dos meninos e, se possível, conservar um pouco do visual que eu tinha.
Vejo as festas de aniversário – tantas! – organizadas inteiramente por mim, dos doces à decoração e os meninos sempre tão bem apresentados, mesmo trabalhando fora e vivendo sempre longe da família. Constato, assim, o quanto fui exigente comigo mesma e me dei pouco valor.
Comparando com as facilidades de hoje, concluo que a gente trabalhava muito mais e reclamava bem menos.
Queria também conservar meus pais mais novos, minha avó conselheira, minha família enfim!
A gente cria os filhos para o mundo e jamais me ocorreria nenhum tipo de chantagem emocional para mantê-los atrelados a mim. Acontece que, embora distantes, o elo amoroso permanece, às vezes estica como elástico, parece que vai romper e a volta é também semelhante à do elástico que, uma vez solto, retorna de supetão e com força ao ponto de onde foi esticado.
Mesas de aniversário, fantasias, uniformes, botas ortopédicas, piqueniques, viagens, cachorros, passarinhos, coelhos, bicicletas, mar, rio piscina, pijamas, pão feito em casa a oito mãos, histórias, sorrisos, beijos, tudo ali eternizado em tiras de papel colorido.
E a gente com olhos de futuro, com ímpetos de conquista, numa parceria constante, dividindo sonhos, multiplicando afetos.
Não gosto mais de olhar fotografias.
Eu me transporto ao momento, revivo tudo, lembro com detalhes enquanto não vejo (olhos perdidos no nada) e, quando vejo, não há mais nada daquilo para ver.
As fotografias dos netos são as melhores, porque eles são o presente e o futuro, sem espaço para a nostalgia.
Lembro que minha avó (faceira) decretou que não queria mais ser fotografada, pois sempre se achava horrível nas fotos.
Juro para vocês que eu já estou quase fazendo o mesmo...
Verdade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Luíza, esse teu texto está muito triste, embora a minha avó dissesse o mesmo que a tua com relação a não querer tirar fotos. Na época, eu discordava dela, agora sei bem qual a razão! Elizabete