terça-feira, 15 de novembro de 2011

SISSI & MARIA



               Ah as mulheres! Ah as Marias!
              Estou revendo com minha mãe a série dos filmes da Sissi, aquela bela imperatriz da Áustria, papel vivido no cinema pela angelical Romy Schneider. Do alto dos seus noventa e um anos ("e meio", como ela diz), dona Conceição fica extasiada diante da TV até altas horas e percebo em seu olhar um brilho de vida, de mocidade, de emoção que já não é frequente. Nem preciso dizer que me emociono também com aqueles vestidos, aqueles palácios, aquelas jóias, aquelas montanhas e, sobretudo, aqueles príncipes que povoaram meus sonhos adolescentes e ficaram presentes para sempre em minhas expectativas e escolhas. 
              Quando a moda eliminou os vestidos das princesas, por economia e/ou praticidade, meu ideal romântico voltou-se para Maria, a ingênua noviça rebelde, de lindos olhos e belíssima voz, que associava ainda outra das minhas paixões - as crianças - e tinha também seu príncipe (e que príncipe!).
               Piaf, Coco Chanel, Chiquinha Gonzaga, Simone de Beauvoir e outras mulheres fortes e determinantes em sua geração sempre me interessaram bastante, todavia, nenhuma delas conseguiu atingir aquele recanto delicado da minha memória onde Sissi ainda reina e Maria me faz chorar de emoção.
               É claro que a minha geração era muito mais romântica, entretanto, nem todas as mulheres do meu tempo preservaram esse romantismo; muitas delas, inclusive, mudaram radicalmente para outros valores, outros ícones, associando aquele maravilhamento à infantilidade, imaturidade, tolice. E não é nada disso. Não é preciso ser devassa para ser moderna, nem se vestir como mendiga para parecer intelectual. Quem pensa assim está sendo ainda mais imaturo que as "princesinhas", pois a sabedoria, a cultura, a modernidade estão na cabeça e nas obras de quem as produz e não nos trapos que lhe cobrem o corpo.
             Eu queria ter vivido na solidez daqueles palácios, ter percorrido aquelas montanhas, ter usado aqueles maravilhosos vestidos, ter dançado aquelas quadrilhas, ter participado daqueles banquetes, ter me apaixonado por aqueles garbosos príncipes.
             Nem todas as mulheres foram ou são românticas.
            Eu sou.

2 comentários:

Maria da Graça disse...

Tb adoro os filmes da Sissi e os deste tipo...quem sabe não vivemos por lá??

Ivana Lucena disse...

Há sempre um espaço para o romantismo nas cabeças inteligentes. Por que não? Afinal de que adianta alcançar a razão se o preço for perder a capacidade de sonhar? (eita, filosofei profundo agora, não foi? rsrsrs) Um abraço, amiga. E o livro, a quantas anda?