sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O QUE ENSINAR ÀS NORAS



Sei que estou caminhando sobre areia movediça e corro o risco de afundar, principalmente porque só tenho filhos homens e, por conseguinte, noras.
A literatura é recheada de textos, admoestações, piadas e conselhos para as sogras, sem levar em conta que, do outro lado da corda, está a nora. Nem sempre tão inocente, boazinha e vítima como querem pintar. Minhas noras que me perdoem, entretanto precisarei generalizar a fim de cumprir meu objetivo, que é o de aconselhar essas jovens integrantes de novas famílias em pontos que costumam não ficar bem claros (para não dizer obscuros) nesse relacionamento, muitas vezes conturbado e até trágico.
Antes de mais nada, as noras não devem esquecer que suas sogras são mulheres como elas e já foram, são ou serão noras de alguém. Esta posição, portanto, não é desconhecida para elas.
Penso que, se as noras fossem mães antes de serem noras a situação seria amenizada, pois elas teriam mais claro dentro de si a diferença cabal entre o amor de mãe e o de homem x mulher. Constato que esse é o grande problema dos relacionamentos entre sogra e nora – o amor daquele homem maravilhoso que para uma é filho e para a outra é o eleito do seu coração. Que dificuldade as noras sentem diante do amor materno e da condição eterna de filhinho do coração que os homens têm diante de sua mãe, em qualquer idade! Isso é ponto pacífico, imutável, eterno, portanto, por que lutar contra ele? Que mal pode fazer um cafuné, um doce especial, um abraço, um sorriso, um conselho, uma recordação compartilhada? Nada disso abala os momentos de êxtase e os planos de vida do casal. São departamentos diferentes.
As mulheres costumam amar e respeitar seus pais cada vez mais, ao longo da vida. Onde está escrito que os homens têm que abdicar da sua família de origem após o casamento, substituindo a mãe pela sogra, os irmãos pelos cunhados e daí por diante? Conheço casos em que até o animalzinho de estimação do noivo deve ser substituído, após o casamento, pelo da família da noiva. Que ditadura é essa? E se essas gentis senhoritas tiverem filhos homens, gostarão de usufruir de norinhas como elas?
 A verdade é que o verdadeiro amor é seguro e generoso, fica feliz com a felicidade do parceiro e o prefere inteiro, ao invés de bipartido, puxado de um lado para o outro. As mulheres inteligentes costumam agir assim, pois não lhes interessa um homem fragmentado, triste, mastigando coisas, remoendo tristezas ao seu lado. Porque todo mundo sabe que, por mais que as noras tiranizem as sogras e as afastem de seus filhos, o amor fica lá, escondidinho, preservado, até aumentado pelo fermento da saudade e pronto a explodir no primeiro encontro e na possibilidade de manifestação.
É claro que me refiro às noras e sogras “normais”, sem evidências patológicas, apenas com aquele ciúme bobo e mal direcionado para uma mulher que jamais prejudicará o homem em questão.
Encerro com uma recomendação tática, bem adequada à guerra insana travada em algumas famílias:
- Se o inimigo for mais forte e você não conseguir derrotá-lo, alie-se a ele!
E todos serão felizes para sempre...





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